Várias pessoas desprezam o trabalho. Por dois motivos, pelo menos: em primeiro lugar, por não encontrarem no trabalho que desenvolvem o prazer suficiente para lhes oferecer a gratidão; ou, de outro modo, por não conseguirem usufruir dos benefícios do seu esforço.
Dia após dia trabalham apenas para a sobrevivência e isso gera neles uma terrível sensação de improdutividade e de desgosto, pois ao se esforçarem demais para a obtenção do sustento não conseguem aquilo que sonham. Em segundo lugar, alguns o desprezam por preguiça e nem se preocupam em trabalhar ou não trabalham com o esmero e a dedicação necessários.
O Livro de Eclesiastes avalia o trabalho e nos ajuda a ver as implicações diretas dessa bênção dada por Deus ao ser humano, como fruto de seu cuidado e não como castigo, como alguns pensam. O texto bíblico nos diz que, no Éden, o homem foi sentenciado por Deus com o “comerás com o suor do teu rosto”. E a leitura que comumente se faz é que o trabalho é sempre castigo e suor, assim com dar à luz é para a mulher sinal de sofrimento. Essa é a perspectiva humana do trabalho. Mas é uma visão que distorce aquilo que de fato é a verdade da intenção do narrador.
O trabalho não é punição. Ao contrário, trata-se de uma dádiva dada por Deus para que o ser humano consiga o seu sustento e seja bênção para sua descendência e para as demais pessoas no mundo.
O que o rei Salomão destaca no texto de Eclesiastes é principalmente a motivação. A nossa motivação ao trabalhar não deve ser aquela que atribui ao trabalho uma carga de “quanto menos trabalhar, mais ganhar”. Essa não é a perspectiva correta.
As pessoas, em geral, querem ganhar muito e trabalhar pouco. Elas querem usufruir dos benefícios financeiros do trabalho sem, contudo, derramar o suor necessário que lhes oferece o mérito para alcançar o prêmio. Elas querem sempre depender de alguém – seja outra pessoa ou instituição – para ganharem mais sem se esforçarem devidamente. Nenhum resultado.
Honramos mais a Deus quanto mais trabalhamos. Os nossos trabalhos são bênção nas nossas vidas propriamente e também nas vidas de nossos semelhantes quando nos dedicamos com o coração a eles e nos esforçamos para produzir com o “suor do nosso rosto”.
Ao comermos com o “suor do nosso rosto”, valorizamos a vida e destinamos aos nossos semelhantes a oportunidade de usufruírem de um ambiente produtivo e rico.
O trabalho com perseverança poderá gerar riquezas que produzirão inúmeros benefícios para nós mesmos, para as pessoas ao nosso redor e para a sociedade.
Não é o trabalho que, em último grau, dignifica o homem; mas, certamente, a dignidade do ser humano se demonstra também pelo trabalho, à medida que, ao vencer a preguiça, a estagnação e a dependência do outro, ele se movimenta em direção àquilo que mais lhe satisfaz: usufruir prazerosamente de seu esforço diário e compreender que essa é a vontade de Deus para que produzamos mais e melhor para nós e para a nossa sociedade.