A última gota

Leila Silveira / Délcio Fortes
15/06/2019 às 07:56.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:07

Quem nunca experimentou um momento de fúria, de desabafo, de descontrole “que atire a primeira pedra”... Até as pessoas tidas como extremamente “controladas” estão sujeitas a este brusco e inesperado ataque de nervos... Na realidade, o que temos que compreender é que sentir raiva, experimentar sentimentos negativos, é algo perfeitamente normal a qualquer ser humano e que deve ser encarado naturalmente... O perigo é justamente querer negar estes estados, esconder estas emoções e sufocar estes sentimentos. As emoções egoicas, como agressividade, poder, controle, superioridade, suborno, mentira, fofoca, maledicência, inveja, arrogância são heranças que recebemos de nossa educação familiar, de nossa formação socioeconômica, de nossa cultura étnica... Aprendemos a pensar e sentir de uma determinada maneira com nossos pais, nossos mestres, nossos amigos, nossos chefes, nossos políticos e incorporamos estas crenças ao nosso dia a dia como se fossem verdades para nós, algo que efetivamente acreditamos de fato.

Estas emoções que carregamos e escolhemos “adquirir” vêm a calhar, pois nos dão conforto, nos protegem, nos fortalecem e nos dão a sensação de segurança e domínio, embora nada mais são do que mecanismos e atitudes que mascaram nossas inseguranças, nossos medos, nossa ansiedade, nossa carência, nossa imaturidade... São reações e movimentos típicos de quem, no fundo, se desconsidera, sente uma profunda baixa autoestima por si próprio. Crescer no ponto de vista psicológico é justamente colocar em cheque tais “aprendizados” que não te fazem feliz, que contrariam sua natureza, que impedem sua evolução... O importante é não negar as nossas emoções! Ao negá-las, ao acumulá-las em nosso inconsciente, corremos o risco de explodir inesperadamente, vítimas daquela “gotinha” que acabou de transbordar a taça...

O segredo, além de aceita-las, é, então, lidar e tentar entendê-las... Compreender que não há nada de estranho sentir-se mal ou tomado de um pensamento destrutivo... Todos os grandes homens e heróis da humanidade passaram por esta experiência... A diferença deles para nós é o que resolveram fazer com aquilo, com aqueles sentimentos incômodos, provocativos, impublicáveis...

O grande mal psicológico é o perfeccionismo... Ele nos sufoca e mata a cada dia com suas cobranças diárias que nos impedem de viver intensamente, de errar, de aprender, de cair e levantar, de lidar com nossas fantasias e pesadelos... Ele nos paralisa, nos impede de elaborar nossas imperfeições e nos deixa “sentados à beira do caminho”.

Nada, porém, será eficaz e saudável se não colocarmos em prática nossas elocubrações mentais... É preciso dar um passo, é preciso ousar, quebrar o paradigma que nos amarra, falar do que sentimos, expor nossas fragilidades, dar um salto no escuro.

Sem atitude, sem se colocar pleno diante do problema, sem conscientemente agir em seu benefício, contrariando as supostas expectativas contrárias, o processo de salvação não se completará e você continuará prisioneiro de seus estigmas, de seus buracos emocionais... Só assim você começará mudar o script de sua vida e iniciar a verdadeira jornada, enfrentado os desafios e superando os obstáculos rumo à sua verdadeira felicidade.

Cuide bem de você!
 

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