A enganação do futebol

Artur Leite, jornalista e professor
Montes Claros
05/06/2017 às 23:18.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:56

Há muito que gostaria de escrever sobre o futebol brasileiro e o seu mundo de ilusões. Ao longo dos anos, fomos e somos enganados por jogadores medíocres, dirigentes enganadores, e uma imprensa emotiva e que conduz os seus comentários de acordo com os interesses dos grupos que comandam os seus órgãos. Caímos na realidade quando, em menos de meia hora, no jogo contra a Alemanha, em pleno Mineirão, levamos 4 gols para fechar em 7 no maior vexame da história do futebol mundial. Mas, como bom atleticano, ex-narrador de futebol, queria citar alguns exemplos que denigrem e acabam colaborando para o baixo nível do esporte que é a maior paixão do povo brasileiro. Estamos cansados de todo início de temporada a imprensa começar a divulgar quem são os favoritos para conquistar os principais torneios do País Como sempre, aparecem Corinthians, Palmeiras, Flamengo, Botafogo, Atlético, Cruzeiro, Grêmio dentre outros. Os “analistas” de todos os canais, emissoras de rádio, jornais, com raras exceções, fazem seus cálculos, comparam jogadores e opinam como se fossem os maiores especialistas no assunto. Dá vontade de desligar a televisão quando os participantes das bancadas dos Sportvs, Fox, Espn, Globo, ficam assentados em suas confortáveis cadeiras nos cinematográficos estúdios e numa posição corporal como se fossem os ‘donos da verdade”. Na maioria dos canais somente falam dos principais clubes do Rio de Janeiro como se outros não existissem.

Mas, o que quero analisar mesmo é o desempenho de Atlético e Cruzeiro. Até pouco tempo, o Cruzeiro era considerado um dos melhores times do mundo, sem contar o plantel do Atlético, capaz de superar o do Barcelona. Colocavam os dois clubes como francos favoritos nas competições que disputam. O Cruzeiro com Thiago Neves, Hudson, Ábila, Rafael Marques, Caicedo era uma verdadeira máquina de jogar futebol, tendo iniciado a temporada com 10 jogos invictos, contando, é claro, o campeonato rural de Minas Gerais. O Galo, com Robinho, Fred, Cazares, Rafael Carioca era outro que com certeza seria finalista dos eventos dos quais atua.

Pois bem, agora, na quarta-rodada do Brasileirão o que estamos vivendo no mundo real impressiona. Os dois clubes mineiros estão completamente fora de forma, sem fundamentos táticos e aproveitando de raros momentos de jogadas isoladas e de sorte para fazerem os seus gols. Os treinadores em suas entrevistas são repetitivos e não conseguem convencer a ninguém. O jogo entre Atlético x Palmeiras foi de encher os olhos de raiva, pois a lentidão e a falta de motivação eram gritantes. Contra a Chape, o Cruzeiro era um time morto, com jogadores andando em campo e o time de Santa Catarina formado há poucos dias com um padrão de jogo definido e com jogadores bem preparados e que ganham salários inferiores aos “astros” da Raposa e do Galo.

Acredito que nós, da imprensa, também nos incluímos, somos os principais responsáveis por isso que se tornou o nosso futebol. Enaltecemos jogadores levando em consideração jogadas e performances isoladas. Criamos mitos que não existem e isto acaba enganando o pobre do torcedor que as vezes sacrifica o seu orçamento para pagar canais fechados e ou comparecer aos estádios.

É preciso viver a realidade de que os tradicionais clubes brasileiros estão jogando um futebol questionável, sendo às vezes superados por outros menos exaltados. É preciso acabar com esta enganação, pois a Copa do Mundo é no ano que vem, e corremos o risco de levar outra “lavada” de seleções - até desconhecidas, pois a responsabilidade não pode ficar somente nas costas de um ou outro jogador escolhido a dedo para ser o “Pelé” que todos esperam. A realidade é outra. Podem conferir pela classificação dos times na tabela.

UMA COISA.

  

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