Cantaria no IHGMC

31/07/2021 às 06:40.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:34


O Projeto Oficina de Cantaria vem, ao longo dos últimos sete anos, resgatando a técnica da cantaria na cidade de Ouro Preto, praticamente extinta em meados do século 19 e retomada pelo mestre José Raimundo Pereira, “seu Juca”, falecido em 2006, considerado como o último mestre canteiro da região. 

A exposição Arte da Cantaria aconteceu em 2007, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, e foi uma homenagem ao “seu Juca” e seu legado, integrando também as obras existentes no barroco de Ouro Preto. Estas imagens, além de fazerem parte do livro homônimo, apresentam um novo olhar sobre o visitado patrimônio cultural da humanidade.

A partir deste projeto, um roteiro de turismo cultural abordando as rochas utilizadas e a técnica do entalhe está sendo elaborado. O conteúdo de informações contido nos monumentos da antiga Vila Rica e a intensa visitação que já acontece são fortes incentivos para a implantação de um geoturismo urbano, com forte cunho cultural.

Em Montes Claros, são poucos os sobrados que a cantaria teve a influência da arte barroca. Neste caso, podemos citar o Solar dos Oliveiras e o solar dos Maurício-Versiani sem, contudo, esquecer-se das primeiras igrejas, em especial a Catedral Nossa Aparecida e a Matriz de Nossa Senhora da Conceição e São José. 

Nas cidades de Diamantina, Grão Mogol, Matias Cardoso e Itacambira pode-se visualizar nas torres das igrejas e pequenas construções a existência da Cantaria Portuguesa. Nota-se que o trabalho de hoje não se utiliza a pedra bruta para o entalhe, mas, tão somente o concreto de cimento, em formas pré-determinadas, na sua confecção. Em vista disso, a beleza das formas barrocas nunca aparecem para nos certificar da proeza no resgate histórico com a restauração dos prédios públicos.

Os casarões e os sobrados tombados não podem ser descaracterizados de suas originalidades. Por conseguinte, foram reparados alguns consertos no prédio do IHGMC, apenas para se ter condições de uso. Entretanto, o necessário se faz a restauração total do prédio, principalmente e, urgentemente, no telhado, que já vem mostrando as suas deficiências, sobretudo nos tempos chuvosos.

Pode-se dizer que nada é indispensável para o aperfeiçoamento dos casarões e sobrados em Montes Claros, em especial a residência do saudoso Dr. Luiz de Paula Ferreira e o prédio do antigo Hotel São José. O Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, dentro de suas possibilidades, sempre tem procurado ativar o resgate da história de nossa cidade, mesmo sem o apoio necessário do poder público, mas com a benevolência de seus associados e simpatizantes, em parceria do projeto “Oficina de Cantaria em Montes Claros”.

No acervo do “Museu do Instituto”, o visitante pode conhecer duas peças de cantaria, de grande valor na construção dos velhos sobrados. Uma delas que se refere a colunas externas e outra que caracteriza a ilustração do imaginário das pessoas, num formato de uma máscara mística do período medieval e/ou colonial de nossa terra.

A cidade de Montes Claros sempre esteve atenta para os acontecimentos culturais dos grandes centros europeus e o Instituto Histórico e Geográfico não poderia ficar omisso na formação do seu “Museu”, em benefício do conhecimento, sem fronteiras, para o seu povo.

Em vista disso, solicitamos aos ilustres montes-clarenses que nos façam uma visita de volta ao passado e revivam, com a mesma emoção dos seus pais e avós, que o pretérito é muito mais gostoso para se viver nestes dias de pandemia. Um amplexo!

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