Abdias de Cyro dos Anjos

17/09/2020 às 00:01.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:33

“Afinal, as Ursulinas decidiram convidar-me para lecionar numa das cadeiras de literatura, em substituição ao velho Sizenando...”. Essas são as primeiras palavras do empolgante livro romanceado “Abdias”, do nosso saudoso confrade Cyro dos Anjos. Pois bem, as obras do montes-clarense Cyro dos Anjos são um repositório de suas experiências da adolescência e da entrada na maturidade. Ele nos conta causos, crônicas e fatos inerentes à história de sua terra, com a mais perfeita inspiração, combinando ideias e argumentos no feitio de seus livros. Não obstante ser “Abdias” um romance de ficção, com narrativa simples e agradável, pode-se dizer que ali estão algumas passagens de sua vida. Por outro lado, as suas memórias, seguramente, estão contidas nos livros “Explorações do Tempo” e “Menina do Sobrado”.

Enquanto o livro “O Amanuense Belmiro” foi escrito em um mês, o novo romance do autor teve tempo mais demorado. Isso se deveu à sua maturidade e à necessidade de uma pesquisa mais acurada dos fatos que seriam ali inseridos. “Abdias” consumiu quase dois anos de trabalho datilográfico na sua velha máquina de escrever Remington. Mesmo sendo uma ficção, sabemos todos nós que há nele uma quantidade interminável de situações próprias do autor. É por sua vez considerado um prolongamento do livro “O Amanuense Belmiro”, isso na própria concepção do autor. Entretanto, o livro “Abdias” representa um progresso em relação ao “O Amanuense Belmiro”. Ele é “mais orgânico. O novo romance se concentra na análise psicológica dos protagonistas. É a obra da maturidade de Cyro dos Anjos. No romance, o autor apresenta linguagem apurada, uma escrita madura e sensível, que se detém nas construções psíquicas dos personagens e na análise de seus comportamentos”.

No itálico do livro assinalado pelo autor podemos apreciar uma passagem interessante da obra prima de Dante Alighieri. Vejamos: “Io son Beatrice, Che ti faccio andare; Vegno di loco, ove tornar disio; Amor mi nosse, Che mi fa parlare. (Dante, La Divina Comédia – Inferno, c. II.). Por outro lado, é interessante notar que o grande assunto de “Abdias” está na nossa capacidade de saber o que nos vai ao coração. Os sentimentos e a evolução narrativa dos fatos, com frases bem elaboradas e uma beleza inconfundível da poesia coronária, fazem de “Abdias” uma obra repleta de emoções e curiosidades.

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