Centenário de Ismar Ferreira

29/09/2020 às 00:01.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:39

Existem algumas coisas melhores do mundo, e uma delas é ter uma pessoa preciosa para sentir saudades. Ismar Ferreira, nascida em 30 de setembro de 1920, é uma dessas raridades. Eu a conheci, aos 11 anos de idade, quando fui colega da sua filha Dulcemar Soares no Colégio Imaculada Conceição.

Dona Ismar foi uma mulher pioneira em muitos sentidos. Trabalhava no comércio, na loja do tio, em 1933, depois foi trabalhar em contabilidade, num labor em seu escritório até horas mortas. Com isso, fez patrimônio, o que não mudou sua maneira de ser, simples, discreta, serena, de uma suavidade calmante para qualquer ambiente. Dava equilíbrio a todos em sua volta, numa época em que os adolescentes eram reprimidos pelos pais, e, de certa forma, protegidos pelas mães.

Do seu casamento com Ricardo Soares e Souza teve quatro filhos: Ricardo, Maria Luiza, Maria Elizabeth e Dulcemar. O escritório era ao lado de casa, à rua Dr. Veloso, e, tão ocupada e envolvida com o árduo afazer, ainda assim, quando se fizesse necessário, ia até a casa controlar a situação doméstica.

Quando os filhos eram pequenos, tinha ânimo e alegria para brincar de roda com eles no quintal. Acompanhava a vida escolar com afinco, participando da feitura de tarefas escolares, em especial, datilografando com perfeição longos trabalhos após o expediente. Incansável mãe e amiga, culta, afeita à leitura da vasta biblioteca que tinha em casa, possuía amplo vocabulário, inteligência e uma tranquilidade de dar inveja.

Amorosa, em especial com os netos, foi uma sombra fresca em nosso caminhar, levando-nos a passeios, festas e viagens, indo à cozinha para nos fazer patê de frango e cachorro quente, para nossas idas ao Pentáurea Clube, pois tratou de nos comprar uma cota e um carro, disponibilizando toda a gasolina necessária.

Polivalente, tinha memória prodigiosa, fazendo contas de fração de cabeça, até idade avançada, na Loja da Costureira, das suas filhas Dulcemar e Maria Luiza, lugar onde gostava de ir se distrair e exercitar os neurônios, após se aposentar.

No dia 19 de junho de 2010, partia Dona Ismar, uma rosa, insubstituível mãe de todos nós, para os quais só tinha perfume. No seu centenário, todas as honras.

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