A manhã de sexta-feira começou com um desafio para quem precisava usar o transporte coletivo em Montes Claros. A espera no ponto de ônibus foi longa e infrutífera. Trabalhadores de uma das empresas do consórcio MocBus cruzaram os braços contra a falta de pagamento do tíquete alimentação, que não é pago desde março.
Alguns passageiros desistiram da jornada e voltaram para casa. Mas quem precisava trabalhar teve que se virar para encontrar uma saída e pagar mais caro por ela. Uma dor de cabeça a mais em um período onde tudo já está mais difícil – isolamento social, perda do emprego, queda na renda e medo do coronavírus.
Aliás, a pandemia é o argumento usado pelas empresas para justificar a dificuldade em cumprir com os compromissos financeiros. Segundo o consórcio responsável pelo transporte público em Montes Claros, o isolamento social gerou uma redução de quase 60% no volume de passageiros, o que impactou na arrecadação das empresas. Segundo o MocBus, o prejuízo é de quase R$ 5 milhões desde março.
Essa perda financeira se somaria a outros prejuízos provocados por desequilíbrios no contrato com o município, de acordo com o consórcio, que acusa a Prefeitura de Montes Claros de omissão. O Executivo municipal se nega a negociar os contratos e já teria sido avisado pelas empresas do risco de suspensão dos serviços.
Há alguns meses, os ônibus não rodaram em um fim de semana por falta de diesel. Agora, deixam novamente a população desassistida por causa da paralisação dos trabalhadores que pedem o pagamento de seus direitos.
A pandemia trouxe perdas a vários setores, mas o município tem recebido vários recursos de apoio, tanto do governo federal quanto do estadual. Dinheiro que vereadores e a própria população questionam onde e como têm sido aplicados.
Fechando as portas para a negociação e os olhos para o problema, o município põe na conta do cidadão, mais uma vez, o prejuízo.