Indústria das obras inacabadas

21/08/2020 às 00:01.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:20

O período eleitoral, quando as campanhas municipais ganham corpo e tomam as ruas, vem chegando. De acordo com as leis eleitorais, ordens para início de obras, por parte dos municípios, estão suspensas. Já pensando nisso, muitos prefeitos que são candidatos à reeleição trataram de inaugurar obras dentro do prazo determinado pelo Supremo Tribunal Eleitoral (STF).

No entanto, obras eleitoreiras pipocam pela região e, continuamente, na maior cidade norte-mineira. A indústria das obras inacabadas não é segredo para ninguém. São pontes que, deixadas pela metade, não levam a lugar algum. E as estradas, caminho para o homem do campo escoar sua produção, que nem sequer dão passagem para ir e vir?! Nem mesmo a pandemia da Covid-19 trouxe bom senso, já que inauguraram uma UPA para atender ninguém. Isso mesmo, uma unidade de saúde que serve apenas para enfeitar a cidade, mas sem qualquer funcionalidade. E o povo? Morrendo nas filas dos hospitais... Até mesmo os mortos pretendeu-se incluir na estatística do desrespeito eleitoreiro da administração municipal, que ia inaugurar um cemitério, na zona rural, sem muros, sem a capela e sem qualquer estrutura para que se pudesse, ali, velar um ente querido. 

Fruto do dinheiro público, as obras deixadas pela metade, largadas ao “Deus dará”, deixam de ser investimentos e se tornam mero desperdício do dinheiro. De quem? Do povo! Porque ninguém sabe e ninguém diz, com precisão, quando as obras serão retomadas e entregues, prontas, para que a população possa, enfim, colher os frutos dos impostos pagos. Enquanto esse tempo não chega, as obras tomam sol e chuva e, por consequência, acabam se deteriorando. 

Mas quem se importa, se o dinheiro não saiu do bolso de quem administra os recursos? O povo se importa! Porque o povo sabe quantos dias precisou trabalhar para pagar aquele IPTU ou a taxa de lixo, que haviam prometido, seria extinta. Pois é, estão todos atentos a esse “rasgar dinheiro”, estão atentos ao “jogar dinheiro fora” e, para quem fingiu que fez sem ter feito, que inaugurou sem estar pronto, não se iluda, a cobrança pela falta de honestidade com a população virá, mais cedo do que se imagina.
 
 
 

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