Promessas de ano novo

Mara Narciso - Médica e jornalista
O Norte - Montes Claros
07/01/2020 às 08:14.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:12

Muitos ficam revitalizados com a mudança de ano no calendário Gregoriano, mera convenção que renova esperanças. Como o ano tem 365 dias, seis horas e alguns minutos, a cada quatro anos se faz o dia 29 de fevereiro, perfazendo 366 dias, daí o nome bissexto, coisa que o ano 2020 é. Os anos 20 começaram, mas não se iniciou uma nova década, que se iniciará em janeiro de 2021. A justificativa é que o primeiro ano da era Cristã começou no ano 1, daí as décadas, centenários e milênios serem contados a partir desse ano.

Outros ficam melancólicos, com sensação de perda, vendo o ano novo não como um ano a mais, e sim como um ano a menos. Os maduros lamentam o envelhecimento ao ver fotos mostrando o declínio no vigor físico, perda da vitalidade da pele, músculos e esqueleto. Os recursos inexistentes há pouco tempo e disponíveis agora amenizam essas perdas. Procurar o peso adequado, tratar os dentes, cuidar da pele, fazer exercícios, comer saudável, cuidar da saúde melhoram as condições gerais. Tema recorrente, esse rol de intenções é lembrado no começo do ano, incluindo limpar armários, estudar mais e aproveitar melhor o tempo livre.

Pare de lamentar pelo tempo perdido e contabilizar com pena o tempo restante, pois nunca é tarde para se fazer um novo final. Quem vive muito fica velho, sendo que a alternativa é morrer jovem. Há 18 anos tive uma dor insuportável no coração, tanto que me levantei às 5h e fui direto ao pronto-atendimento. Quem sente uma dor como aquela tem certeza de estar morrendo. Na ocasião, foi dado o diagnóstico de infarto, que de fato não ocorreu. Tive outras crises de dor intensa, que são causadas por uma anomalia anatômica no meu coração chamada “ponte miocárdica”, que dá um abraço de afogado na artéria coronária, e continuam me mandando ao hospital, embora não me assustem mais.

Certa vez, mencionei uma dessas crises no Facebook, cujo diagnóstico só foi definido após dois cateterismos, e alguém insinuou tratar-se de uma overdose de cocaína. Não mereceu resposta. Quanto ao envelhecer, caso eu tivesse morrido na primeira crise de dor cardíaca, já teria sido esquecida. Façamos as pazes com as desventuras. Busquemos novas venturas. Vivamos mais e nos queixemos menos. Salve 2020!

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