Ninguém morre de uma vez...

Leila Silveira e Délcio Fortes
Montes Claros
16/06/2018 às 06:40.
Atualizado em 10/11/2021 às 00:45

Acreditamos que a velhice e a própria morte são um processo que se inicia desde que nascemos. Cremos que este processo que se manifesta por doenças, limitações, rugas, debilidades e prejuízos de toda a natureza, físico, cognitivo e emocional tem relação com bloqueios energéticos que vamos acumulando ao longo de nossa existência, por meio de nossas experiências e escolhas .

Quando crianças, somos espontâneos, gratuitos, sem preconceitos, generosos e gostamos de compartilhar tudo que possuímos e experimentamos. Adultos, desenvolvemos o egoísmo, o medo, a posse, a estranha mania de querer esconder o que conhecemos, a engavetar o que possuímos, a arquivar o que conquistamos, com delírios de competitividade, individualidade, avareza, concorrência e ganância exacerbadas. Acreditamos que a existência é energia que flui através do nosso corpo, mente e alma.

Assim existem áreas de nossa vida que não funcionam... Estão paradas, estagnadas, compartimentadas, conservadas como “caixas”, “cofres”, “pastas” guardadas a sete chaves. E pasmem, normalmente escondem nossas mais valiosas conquistas, nossos mais batalhados prêmios, nossos conhecimentos mais profundos, nossas joias mais raras. Foram as mais difíceis de adquirir, temos por elas o maior carinho e orgulho, e por isso a tratamos debaixo de segredo, de formol e senhas impenetráveis, para não ter que dividir com ninguém.

O que seria do mundo se os grandes cientistas, os grandes artistas, os grandes filósofos não tivessem publicado suas obras, não tivessem dividido seu talento, não tivessem democratizado seu conhecimento e popularizado sua genialidade?

Que vale um tesouro escondido no porão de um castelo? Quanto vale uma poesia guardada na gaveta da escrivaninha? Quanto representa uma descoberta não divulgada para a humanidade? Cremos que as enfermidades físicas e mentais são inteligentes e oportunistas. Elas vão se instalando silenciosamente e têm espaço fértil nas áreas que escolhemos guardar só para nós.

Tem muita gente que reclama muito, embora esteja saturada de velhos pertences e recursos, mas não abre mão de nada. A verdade é que a lei é muito simples: só recebe quem doa! Para você receber tem que doar primeiro, fazer com que o fluxo de energia circule e abra espaço no seu universo particular para receber novos carregamentos.

Por isso é muito importante de vez em quando abrir o armário e doar uma roupa velha, desalojar da estante livros antigos e velhas apostilas, praticar trabalhos voluntários, doar parte do seu tempo profissional para pessoas e entidades carentes sem remuneração, ensinar o que você conhece de melhor e de maior valor gratuitamente, participar de projetos sem fins lucrativos em prol de sua comunidade, abrir sua “caixa preta” de conhecimentos a quem precisa, emprestar um pouco de seu tempo e talento na ajuda e recuperação de pessoas doentes, deficientes e socialmente vulneráveis.

Só assim retardaremos os processos de envelhecimento, senilidade e morte que inevitavelmente acometerá a todos nós, mas que pode ser assimilado, desacelerado e postergado de forma mais estética, criativa e lúdica à medida que compartilharmos um pouco do muito que recebemos do universo!

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