Vítima do caos na saúde: Idosa de 82 anos espera 24 horas para ser atendida, internação só foi possível graças à intervenção do Ministério Público

Jornal O Norte
Publicado em 12/02/2011 às 08:59.Atualizado em 15/11/2021 às 17:21.

Samuel Nunes


Repórter



Revolta, indignação e um sentimento de impotência diante de uma realidade que não se restringe apenas à sua família, mas outras tantas que não têm acesso à saúde de qualidade no município de Montes Claros. Acrescenta-se a isto quando pelo menos, teoricamente, o estatuto do idoso diz que este tem atendimento preferencial no Sistema Único de Saúde (SUS).



A triste realidade foi vivenciada pelo motorista Aroldo Gomes Ferreira, morador do bairro Maracanã. Ele procurou a reportagem de O Norte, que o acompanhou durante os dois últimos dias à procura de uma vaga de internação para a sua mãe de 82 anos de idade. O jornal constatou o descaso e o despreparo da saúde pública na cidade.



Aroldo conta que sua mãe, Minervina Gomes Ferreira, cadeirante, que depende de familiares, inclusive para se alimentar, ao sentir dores pelo corpo devido a atrofia nas pernas, deu entrada às 18h40 de quinta-feira no hospital universitário. Ao chegar à instituição, foi recomendado que se dirigisse com ela para o pronto socorro do hospital Aroldo Tourinho onde se abriu o pedido de internação às 19h30 do mesmo dia. No entanto, passados quase 24 horas, ela ainda não tinha conseguido internação. Disse que justificativa do hospital é que não tinha vaga.



Fotos: Samuel Nunes


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Aroldo Gomes Ferreira: - É revoltante tentar internação de uma senhora de 82 anos e passar por toda esta humilhação



- Não estou aqui para criticar os funcionários do hospital, mas, sim, o prefeito, a secretaria municipal de saúde, enfim, os gestores da saúde. O que fizeram com minha mãe é uma covardia, pois mesmo tendo 82 anos de vida e criado 11 filhos, sempre tendo contribuído com o estado, o tratamento que ela recebeu é digno de revolta – desabafa.



Ele entende que esta situação vivenciada é uma vergonha para o poder público municipal e para todos. Acredita que a situação da saúde no município é caótica.



Se isto que acontece com a minha mãe não é um caos, não sei mais o que é isso – argumenta.



Aroldo Gomes Ferreira diz ter presenciado naquele mesmo hospital outros exemplos de descuido com a saúde do povo. Ainda em relação à sua mãe, ele disse ainda que ela ficou um bom tempo em um corredor deitada em uma maca, com um forro sujo, sendo que determinado médico por iniciativa própria trocou o mesmo.



- Tenho um recado para o senhor prefeito, que tanto ouvi na antiga Rádio Sociedade criticar a tudo e a todos. Que ele agora, com o poder nas mãos, possa olhar para as dificuldades do povo. Lembrando que independentemente de resolver esta situação com a internação dela, vou processar o município por danos morais e por todas as dificuldades enfrentadas para se internar uma pessoa de 82 anos – frisa.



Na tarde da última quinta-feira, Aroldo Gomes Ferreira foi ao Ministério Público e oficializou denúncia pelo tratamento recebido pela sua mãe. Ele também procurou orientação jurídica para entrar com representação contra o município.



Por volta das 9h30 da manhã de sexta-feira, 11, em contato com a reportagem, Aroldo disse que sua mãe foi internada por volta das 17h de quinta-feira, portanto, quase 24 horas após sua chegada ao hospital. Ele acredita que o atendimento só foi possível graças à intervenção do Ministério Público uma vez que este contatou a direção do hospital para que atendesse a senhora Minervina Gomes Ferreira. 



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A reportagem tentou contato com a direção do hospital Aroldo Tourinho e a secretaria municipal de saúde para se pronunciar sobre este episódio enfrentado por Aroldo Gomes Ferreira, mas, sem sucesso.          

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