Samuel Nunes
Repórter
Revolta, indignação e um sentimento de impotência diante de uma realidade que não se restringe apenas à sua família, mas outras tantas que não têm acesso à saúde de qualidade no município de Montes Claros. Acrescenta-se a isto quando pelo menos, teoricamente, o estatuto do idoso diz que este tem atendimento preferencial no Sistema Único de Saúde (SUS).
A triste realidade foi vivenciada pelo motorista Aroldo Gomes Ferreira, morador do bairro Maracanã. Ele procurou a reportagem de O Norte, que o acompanhou durante os dois últimos dias à procura de uma vaga de internação para a sua mãe de 82 anos de idade. O jornal constatou o descaso e o despreparo da saúde pública na cidade.
Aroldo conta que sua mãe, Minervina Gomes Ferreira, cadeirante, que depende de familiares, inclusive para se alimentar, ao sentir dores pelo corpo devido a atrofia nas pernas, deu entrada às 18h40 de quinta-feira no hospital universitário. Ao chegar à instituição, foi recomendado que se dirigisse com ela para o pronto socorro do hospital Aroldo Tourinho onde se abriu o pedido de internação às 19h30 do mesmo dia. No entanto, passados quase 24 horas, ela ainda não tinha conseguido internação. Disse que justificativa do hospital é que não tinha vaga.
Fotos: Samuel Nunes
Aroldo Gomes Ferreira: - É revoltante tentar internação de uma senhora de 82 anos e passar por toda esta humilhação
- Não estou aqui para criticar os funcionários do hospital, mas, sim, o prefeito, a secretaria municipal de saúde, enfim, os gestores da saúde. O que fizeram com minha mãe é uma covardia, pois mesmo tendo 82 anos de vida e criado 11 filhos, sempre tendo contribuído com o estado, o tratamento que ela recebeu é digno de revolta – desabafa.
Ele entende que esta situação vivenciada é uma vergonha para o poder público municipal e para todos. Acredita que a situação da saúde no município é caótica.
Se isto que acontece com a minha mãe não é um caos, não sei mais o que é isso – argumenta.
Aroldo Gomes Ferreira diz ter presenciado naquele mesmo hospital outros exemplos de descuido com a saúde do povo. Ainda em relação à sua mãe, ele disse ainda que ela ficou um bom tempo em um corredor deitada em uma maca, com um forro sujo, sendo que determinado médico por iniciativa própria trocou o mesmo.
- Tenho um recado para o senhor prefeito, que tanto ouvi na antiga Rádio Sociedade criticar a tudo e a todos. Que ele agora, com o poder nas mãos, possa olhar para as dificuldades do povo. Lembrando que independentemente de resolver esta situação com a internação dela, vou processar o município por danos morais e por todas as dificuldades enfrentadas para se internar uma pessoa de 82 anos – frisa.
Na tarde da última quinta-feira, Aroldo Gomes Ferreira foi ao Ministério Público e oficializou denúncia pelo tratamento recebido pela sua mãe. Ele também procurou orientação jurídica para entrar com representação contra o município.
Por volta das 9h30 da manhã de sexta-feira, 11, em contato com a reportagem, Aroldo disse que sua mãe foi internada por volta das 17h de quinta-feira, portanto, quase 24 horas após sua chegada ao hospital. Ele acredita que o atendimento só foi possível graças à intervenção do Ministério Público uma vez que este contatou a direção do hospital para que atendesse a senhora Minervina Gomes Ferreira.
A reportagem tentou contato com a direção do hospital Aroldo Tourinho e a secretaria municipal de saúde para se pronunciar sobre este episódio enfrentado por Aroldo Gomes Ferreira, mas, sem sucesso.