
Dados do 11º Departamento de Polícia Civil de Montes Claros apontam que os casos de violência contra idosos teve um aumento de 34% na cidade em relação aos primeiros nove meses do ano passado.
Entre janeiro e setembro foram registradas 1.499 ocorrências, contra 1.120deste mesmo período em 2021. Os dados apontam que 60% deles são da cor negra, enquanto 27% são da cor branca e 13% de cor indefinida.
O tipo que mais ocorre é a violência física. É, também, a mais visível: maus tratos e/ ou abusos físicos como tapas, beliscões, arranhões e empurrões.
Outro tipo é o abandono e/ou negligência, que inclui omissões e privações de cuidados para sua saúde e bem-estar físico. Entram, ainda, neste grupo a falta de proteção social e emocional, bem como negligências com higiene, vestuário, alimentação e administração de medicamentos.
Há também a violência psicológica, que inclui qualquer forma de desprezo, preconceito, humilhação, hostilidade verbal e gestual. Além disso, há a restrição de liberdades e isolamento social que pode gerar tristeza, depressão, solidão ou qualquer sofrimento mental e emocional.
A violência sexual que é a imposição ao idoso para que faça, participe ou presencie atividades sexuais sem o seu consentimento. Isso pode acontecer por decorrência de intimidações físicas ou psicológicas e o abuso econômico-financeiro e patrimonial, quando alguém tenta usufruir ilegalmente dos bens da pessoa idosa. Está incluso neste “item” o uso de recursos financeiros ou do patrimônio sem consentimento.
Para a psicóloga Cláudia Guimarães, a população brasileira está envelhecendo, sem saber o que fazer e sem se aceitar idosa. “Fiz um questionamento de pesquisa se as pessoas tinham o desejo de ter vida longa acima de 60 anos. Quase que mais de 90% disseram que sim. Na segunda caixinha, perguntei, mas você consegue se imaginar na velhice? Aí já diminuiu”, conta.
Para a psicóloga, o brasileiro tenta camuflar a velhice com manipulações estéticas, e isso acaba constatando que eles não aceitam muito bem a velhice. “Ficam em uma tentativa de encontrar uma fórmula para o envelhecimento, de alquimistas querendo ter vida longa querendo ter uma certa juventude, não aceitando o velho”, explica.
Em razão disto, Cláudia diz que isso explicaria, em parte, este comportamento agressivo contra os idosos.
“O índice alto, é que a população está envelhecendo de fato e essa intolerância com o idoso propriamente dito cresce. A população não saber lidar com o velho. O velho está aí, a população não está sabendo fazer essa casadinha, não estão sabendo lhe dar com essa situação que faz parte do nosso viver. Essa aceitação, tem que fazer parte de um número crescente da população, mas as pessoas não sabem fazer isso”, constata. Para ela, a falta de preparo para envelhecer na nossa cultura capitalista, colocando gente jovem nas propagandas faz com que a população se negue.
“Em uma situação social que é a oposta que a gente está querendo impor”, finaliza.
Devemos cuidar deles
Na opinião de Simone Martins, que cuida da mãe idosa de 95 anos, com saúde debilitada, devemos cuidar com amor dos nossos idosos.
“Porque é muito melindroso, é constante, 24 horas de cuidados. E é o mínimo que podemos fazer por quem nos deu a vida e nos amou”, diz.
“Quem maltrata um idoso, e ainda por cima se esse idoso tem a saúde debilitada, demonstra falta de amor, de carinho. É falta de Deus no coração, na verdade”, opina a filha dedicada.
Em Montes Claros temos o Núcleo de Atendimento à Violência contra o Idoso (NAVI), criado em 2018. O NORTE fez contato para saber sobre denúncias e violações do direito ao idoso, mas não recebeu resposta até a publicação da matéria.