Logotipo O Norte
Terça-Feira,23 de Dezembro

Um montes-clarense que foi tentar a vida no Estado de São Paulo

Jornal O Norte
Publicado em 03/01/2007 às 08:08.Atualizado em 15/11/2021 às 07:54.

Samuel Nunes


Repórter



É considerável o número de pessoas oriundas do Norte de Minas Gerais que tentam a vida nas lavouras do interior do estado mais rico da federação, São Paulo.  O Norte conversou na manhã de ontem, terça-feira, com José Soares da Silva, que tem Montes Claros como a sua cidade natal, mas que devido a fatores financeiros tem por costume trabalhar no corte da cana de açúcar no interior do estado de São Paulo para tirar o sustento da sua família.



– Já trabalhei em mais de oito lavouras de cana, o que representa entre 5 e 6 anos de trabalho. O serviço é pesado e exige preparo físico, mas o importante é que eu gosto de trabalhar nesta atividade.



De acordo com José Soares, a usina na qual ele tem o costume de trabalhar sempre tratou com honestidade os seus funcionários, oferecendo a cada um todo tipo de assistência médica e, sobretudo, material apropriado para desenvolver com segurança o corte de cana.





José Soares afirma com convicção que se uma pessoa trabalhar com dedicação, o valor ganho por dia é de aproximadamente R$ 50 - ou em alguns casos até mais que isso, o que ele considera justo diante das dificuldades encontradas.



REMUNERAÇÃO



Mostrando entusiasmo, José da Silva Soares afirma que pretende voltar no mês de abril ou maio para a cidade de Novaes, para mais uma vez trabalhar no corte de cana. Ele explica que nesta cidade o que predomina é o corte de cana de açúcar e as plantações de laranja.



– O acordo que normalmente é feito com os usineiros é que o pagamento seja realizado por quinzena. A carteira é assinada durante seis ou sete meses. Depois de concluído o nosso trabalho a usina faz o acerto dos meses trabalhados.



José Soares diz que da última vez em que ele esteve trabalhando em São Paulo, cerca de 1.300 pessoas, incluindo mulheres e homens trabalhavam de segunda a sábado no corte de cana. Ele afirma ainda que os usineiros paulistas remuneraram seus empregados pagando entre 0,25 e 0,45 centavos por metro de cana cortado.



– É bom explicar que o contado é o terreno. Ou seja, a cada metro de terreno com cana de açúcar o empresário paga ao cortador esse valor, que representa de R$ 600, a R$1.200 por mês.



Outra lembrança que José da Silva Soares diz ter do trabalho são as boas amizades. Segundo ele, é possível ter contatos com pernambucanos, alagoanos, piauienses, baianos e muitos mineiros, principalmente de cidades como Porteirinha, Janauba e Espinosa. Em termos de um possível acidente de trabalho, José Soares da Silva salienta que as empresas têm fornecido óculos escuros para eles se protegerem do sol, botinas e roupas apropriadas para o trabalho. 


 


– Outra novidade é uma proteção para as canelas e outra para os braços. Digo mais uma vez que esse é um trabalho que requer muito esforço físico e também alguns cuidados principalmente ao manusear o facão que é o nosso principal instrumento de trabalho.



24 HORAS



Outro detalhe importante mencionado por José Soares da Silva é quanto ao horário de funcionamento das usinas que de acordo com ele é de 24 horas sem qualquer tipo de interrupção.


 


– Nós, cortadores de cana começamos a trabalhar por volta das 7h30 da manhã, paramos às 10h para o almoço, retornamos às 11h e trabalhamos até às 15h. Durante todo tempo a usina também deixa ànossa disposição uma boa quantidade de água gelada para nós, pois como é feito muito esforço físico é preciso tomar muita água.



Outra importante ajuda são as marmitas e o chapéu de couro, este último para também protegê-los do sol.



- É a primeira ajuda que muitas pessoas recebem ao chegarem lá. Muitos chegam sem as mínimas condições financeiras. Esde serviço é um pouco sofrido, mas vale a pena, pois através dele é que ganho quinzenalmente o meu sustento - conclui.

Compartilhar
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por