
Montes Claros assiste, nos últimos anos, a um novo fenômeno no mercado de trabalho. Setores que antes eram marcados pela informalidade estão mudando de perfil – troca-se a postura de um profissional que fazia “bicos” para o de um microempreendedor individual (MEI).
Na semana em que se comemora o Dia do Trabalho, neste 1º de Maio, chama a atenção o crescimento do número de trabalhadores que aderiram a essa categoria em Montes Claros – são 17.484 MEIs formalizados, número que representa um crescimento de 4,4% em 2018 em relação a 2017.
Os destaques são nas áreas de vestuário, alimentação, beleza e prestadores de serviço como eletricistas e pedreiros.
Segundo o analista técnico do Sebrae, Lucas Braga Ribeiro, o interesse pela formalização aumentou devido aos benefícios para o negócio de ser um MEI e para o próprio dono do empreendimento.
“Esse pessoal está se formalizando para prestar serviço às empresas maiores e até participar de processo licitatório público. Outro ponto é para contribuir com a aposentadoria e gerar renda extra”, destaca o analista.
Pedreiro há 15 anos, Reginaldo Elias abriu uma microempresa há dois meses para poder concorrer a obras maiores. “Chegou a um ponto em que as firmas estavam exigindo o CNPJ para tirar nota fiscal. Então, resolvi formalizar”, conta o pedreiro.
Há oito anos, Ronaldo Ferreira começou a cortar cabelos profissionalmente. Sempre trabalhou em salões de beleza, até decidir abrir seu próprio espaço. O salão de Ronaldo atende todas as faixas etárias e o objetivo é oferecer um serviço em que a mãe possa frequentar o ambiente e o filho também tenha espaço dedicado a ele.
“Sempre tive vontade de ter meu salão regularizado, dentro da lei. Porém, quando fui olhar, era tudo muito caro, especialmente os impostos. Então conheci o MEI e resolvi me tornar um. Achei um bom negócio, pois atende minha demanda e ficou dentro do meu orçamento”, pontua o cabeleireiro, que atende em média 35 pessoas por dia.
A consultora de empresas Priscila Moreira explica que antes de abrir uma nova empresa é necessário estruturar a rede do negócio, que inclui a parte física e de pessoal para atender a demanda.
EXPANSÃO
Segundo o IBGE, o número de empresários no Brasil cresceu 5,5% de 2015 a 2017, passando de 7,3 milhões para 7,7 milhões de pessoas.
“As empresas precisam estar bem estruturadas para que elas tenham consistência, assim poderá estipular melhor as estratégias no mercado. Estruturação não apenas na área do financeiro, mas também através de pessoas, onde os trabalhadores sejam valorizados pelo trabalho exercido e não por tempo de casa ou amizade”, pontua Moreira.
EMPREGO
Segundo o Observatório do Trabalho do Norte de Minas, coordenado pela Unimontes, em março, 372 pessoas perderam o emprego em Montes Claros. O resultado contrasta com os números registrados em janeiro e fevereiro de 2019, que pareciam indicar a continuidade de recuperação do mercado de trabalho iniciada no segundo semestre de 2018.
De acordo com os dados levantados, em março ocorreram 2.244 admissões – 56,9% do sexo masculino e 43,1% do sexo feminino – e 2.616 desligamentos – 57% do sexo masculino e 43% do sexo feminino.
“Estamos vivendo uma mudança expressiva no mercado de trabalho, tanto no Brasil quanto no mundo. O avanço tecnológico está transformando os modelos de negócios, reduzindo a necessidade de mão de obra em muitos setores, mas abrindo oportunidades para novos empreendimentos”, explica Felipe Brandão, gerente de Inteligência Empresarial do Sebrae Minas.