Anny Muriel
Repórter
Afim de detectar a surdez precocemente nos bebês recém-nascidos, algumas maternidades já realizam a triagem auditiva neonatal. De acordo com o fonoaudiólogo Maxwell Martins Teixeira, o diagnóstico precoce visa detectar possíveis problemas de perda auditiva na criança. O chamado teste da orelhinha, que antes era realizado somente particular, há três anos tornou-se gratuito.
- Em Montes Claros, a clínica Audiobera realiza aproximadamente dez testes por dia. Destes, 1% apresenta algum problema auditivo - diz o fonoaudiólogo responsável pelo procedimento.
Ainda segundo o profissional, é de suma importância que a mãe ou o responsável pela criança faça o teste após os três primeiros meses de vida, pois, quanto antes for feito o procedimento, mais cedo é possível a recuperação auditiva.
XU MEDEIROS
O fonoaudiólogo Maxwell Martins afirma que o teste da orelhinha possibilita diagnóstico precoce da perda auditiva no recém-nascido.
A estudante Ana Paula Martins Rodrigues, ciente da importância do teste, levou sua filha de 26 dias para fazer o exame.
- Agora está mais fácil, porque é de graça, o que facilita a realização do teste. Porque, antes, nem todas as pessoas tinham condições de pagar, mas, agora os médicos já instruem no hospital sobre a importância do teste - diz.
- A criança que não ouve bem, consequentemente, há de ter problemas na fala também. E, com o teste da orelhinha, é possível avaliar os problemas auditivos - alerta Maxwell.
A secretária Poliana Medeiros de Souza afirma que, cinco anos atrás, quando o teste da orelhinha ainda não era gratuito, no pré-natal da sua filha Anísa Medeiros de Souza, o médico não falava muito sobre o assunto, comentava apenas sobre a importância do teste do pezinho.
- Hoje, eu vejo as consequências da falta do teste da orelhinha, pois este ano percebi a dificuldade que minha filha tem para ouvir bem. Na época, eu só não fiz porque era particular e pesava no orçamento, e, depois, não tinha muita informação sobre o assunto. Agora, depois de cinco anos, resolvi procurar um fonoaudiólogo para saber a causa do problema, antes que se agrave - diz.
Segundo o fonoaudiólogo, o teste da orelhinha, ou emissão otoacústica, é totalmente indolor, e até mesmo os bebês internados em UTI podem passar por ele.
- O teste é realizado através de uma sonda que envia e recebe sons, que é colocada no ouvido do recém-nascido. O som, emitido com um clique, vibra no tímpano, passando pelo ouvido médio até chegar à cóclea. Estimulada , a cóclea vibra, o som faz o caminho de volta e o microfone capta a vibração do tímpano, o que comprova que está tudo normal. Em contrapartida, se a onda não capta a vibração de retorno, é sinal de que existe alteração auditiva e, neste caso, a criança precisará fazer outros exames para saber a causa do problema - afirma Maxwell Martins.
Ele diz ainda que as causas da surdez são diversas, desde fatores pré e peri- natais, como história familiar de perda auditiva na infância, nascimento prematuro ou parto complicado, infecção durante a gestação, como rubéola, toxoplasmose e má formação de cabeça e pescoço; a fatores pós-natais, como algum tipo de infecção bacteriana como meningite, pneumonia e otite média, além de infecções virais, traumatismo na região da cabeça e uso de medicamentos que prejudiquem o sistema auditivo.
- Pensando na qualidade de vida da população, estamos dando a conhecer a importância do teste da orelhinha como mais um aliado na detecção precoce de doenças infantis - afirma Maxwell Martins.
A triagem auditiva neonatal já é obrigatória no Brasil, conforme a lei n°3.028, de 17 maio de 2000.
A clínica Audiobera funciona na Rua Santa Maria, n°86, no Centro.