Energia e segurança

Soltura de pipas: 400 mil afetados e risco à vida; MOC aguarda pipódromo

Márcia Vieira
marciavieirayellow@yahoo.com.br
Publicado em 16/07/2025 às 19:00.
Soltura de pipas provoca interrupção de energia e pode resultar em acidentes mais graves (Ascom CEMIG)
Soltura de pipas provoca interrupção de energia e pode resultar em acidentes mais graves (Ascom CEMIG)

A Cemig revelou que a prática de soltar pipas causou significativos transtornos no fornecimento de energia elétrica, afetando aproximadamente 400 mil clientes em Minas Gerais durante o primeiro semestre deste ano. Somente em junho, as interrupções devido a essa atividade corresponderam a cerca de 38% do total de seis meses. Na região Norte do estado, 16 mil consumidores sofreram com o problema em 63 incidentes. Em Montes Claros, especificamente, mais de 1.709 clientes enfrentaram cortes de energia em 11 registros até o mês de maio. Em 2024, o número de clientes interrompidos chegou a 19.815 em 63 ocorrências, destacando a necessidade de conscientização sobre os riscos dessa prática para a rede elétrica.

Com base nessa apuração e considerando o período de férias escolares, a concessionária de energia recomenda aos pais e responsáveis que redobrem a atenção com as crianças para evitar acidentes. “Soltar pipa é uma atividade lúdica e que as crianças e jovens gostam muito. Mas é importante que se tenha consciência de que a brincadeira deve ser realizada em áreas abertas e sem rede elétrica, pois pode causar acidentes graves ou provocar interrupções no fornecimento de energia e prejudicar muitos clientes”, disse César de Jesus Souza, técnico de segurança do trabalho da Cemig.

O técnico destaca que o rompimento da fiação ocorre quando uma linha de papagaio entra em contato com cabos e equipamentos. As redes de distribuição, de transmissão e as subestações da Cemig são construídas nos padrões das normas técnicas brasileiras, com características e distanciamento que garantem segurança. “Desse modo, a aproximação indevida e o uso de cerol e linha chilena têm sido os principais causadores de acidentes com a rede elétrica da companhia”, diz. Outro erro é a tentativa de resgatar pipas presas à rede elétrica.
 
LEI
Desde 2020 está em vigor no município a lei n.° 5289/2020, de autoria do vereador Rodrigo Cadeirante, que proíbe a soltura de pipas, papagaios, raias ou artefatos semelhantes em áreas urbanas e rurais do município — com exceção somente para regiões específicas como fazendas, sítios, clubes ou áreas de recreação, desde que respeitada a distância segura de redes elétricas e proibido o uso de linhas cortantes como cerol ou linha chilena. Pela lei, o Executivo deveria definir formalmente quais áreas seriam permitidas, mas até o momento isso não aconteceu. Outro ponto da lei determina a construção de um pipódromo, local específico para a atividade.

Conforme Daniel Santos, representante dos pipeiros, até esta manhã da última quarta-feira (16) “não houve nenhum avanço, infelizmente. Todo ano a mesma coisa. Cansamos de ajudar tirando meninos das ruas para evitar acidentes, doando antenas, tirando dinheiro do nosso bolso, mas políticos só nos apoiam na época política, com palavras que nunca se concretizam”, lamentou o pipeiro. Ele destaca que os órgãos públicos, câmara e prefeitura, foram procurados várias vezes, mas não houve resultado. “Quando o pior acontece, colocam a culpa em quem gosta de soltar pipas. Hoje, se acontecer acidentes, a responsabilidade é da prefeitura que não fez o que prometeu com o espaço seguro para a prática da pipa. A Associação parece não existir, por conta do descaso da prefeitura”, declarou.

A reportagem procurou o município para falar sobre o assunto. Conforme o secretário municipal de Segurança Integrada, Járson Sebástian Hansen Ferreira, a construção do pipódromo “está sendo trabalhada pelo departamento responsável para apresentar propostas para que esse espaço seja viabilizado”. Em relação às ocorrências, o secretário informou que “no período de maio a julho/2025, que se caracteriza por mais solicitações, têm-se atendido em média cinco chamados diários, resultando alguns em apreensões de pipas, com 01 registro de lesão corporal. Não houve aplicação de multas, em geral, são solturas praticadas por menores sem a presença de responsáveis”, disse. 

Quanto ao evento “Pipa Legal”, de conscientização sobre a atividade, Járson informou que está acontecendo no formato de palestras nas Escolas Municipais, buscando conscientizar as crianças e adolescentes a respeito do tema”. Caso o cidadão queira denunciar a atividade deve ligar para o telefone 153 ou 2211-4663.

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