Samuel Nunes
Repórter
samuelnunes@onorte.net
O Norte publicou no último dia 17 de novembro, matéria referente ao trabalho social desenvolvido pelo padre Reginaldo Cordeiro Lima.
O projeto é denominado Casa de Acolhida Bom Pastor, voltado para assistir crianças em situação de risco. O padre Reginaldo Cordeiro Lima, com entusiasmo, afirma que levantamentos estão sendo realizados no intuito de que, no ano de 2007, a comunidade Kairôs implante na cidade o projeto social Casa Acolhida Bom Pastor.
Dailton Ferreira da Silva vivia em situação de risco e teve
sua vida transformada através do projeto
Na edição de hoje, O Norte revela um depoimento emocionante de um jovem que teve a sua vida mudada por completo através da ação social desenvolvida pela Casa Acolhida Bom Pastor.
- Meu nome é Dailton Ferreira da Silva, tenho 15 anos e sou natural de Três Marias (MG).
VIDA DIFÍCIL
Dailton da Silva mora no projeto de vida Casa de Acolhida Bom Pastor que é administrado pelo Padre Reginaldo Cordeiro de Lima, seu fundador, e que é, também, idealizador da Comunidade de Vida e Aliança Kairôs.
- A minha vida antes de conhecer esse projeto era muito difícil. Meus pais trabalhavam o dia inteiro, meu irmão e eu ficávamos em casa sozinhos. Quando eles saiam, íamos para rua e juntávamos com outras crianças que viviam a mesma situação que nós, ficando na rua a maior parte do dia e da noite perambulando, aprendendo tudo o que a rua oferece de ruim. Chegamos a roubar em vários comércios e residências.
Quando ficávamos com vontade de comer uma bolacha, e outras coisas do gênero e não tínhamos dinheiro para comprar, entravamos pelos fundos dos supermercados e roubávamos. Outras vezes, entrávamos nas residências e roubávamos folhas de zinco para vender e comprar fichas para jogar videogame.
Uma vez eu e alguns amigos encontramos um velhinho vendendo picolé, batemos nele e roubamos dele todos os picolés, depois o jogamos com o carrinho dentro de uma vala.
Pulávamos os muros das escolas nas altas horas da noite para fazer vandalismo e nadar nas piscinas. Várias vezes os policiais nos perseguiam, mas sempre escapávamos. Na escola eu tirava notas fracas, porque eu dormia na sala a maioria do tempo, outras vezes não deixava as professoras darem aulas. Eu procurava atrapalhava os meus colegas e não respeitava ninguém na escola e nem em casa. Enfim, era uma criança totalmente sem limites e sem qualquer tipo de formação.
MUDANÇA DE VIDA
- Minha tia Vanda, preocupada com o meu futuro e o do meu irmão, procurava nos ajudar, mas era difícil, pois ela era uma pessoa muito doente. Ela ficou sabendo que na época o pároco da cidade, Padre Reginaldo, estava abrindo uma casa para crianças carentes em situação de risco, assim como eu. Ela nos inscreveu nesse projeto e fomos aceitos. Quando entrei no projeto tinha 12 anos, fui uma das primeiras crianças acolhidas na Casa Bom Pastor, e hoje posso dizer que a minha vida mudou completamente. Não roubo mais e já aprendi o valor do respeito com todos. Recebo toda uma formação humana e espiritual com os tios da casa que fazem parte da comunidade Kairôs.
Na escola já sou considerado um bom aluno, tenho boas notas através do meu esforço e dedicação com os estudos, porque aprendi que devo dar valor aos estudos, para ter um futuro de sucesso.
No projeto tenho varias aulas como: reforço escolar, que é o que os tios priorizam, aulas de informática, onde aprendemos o funcionamento e como manusear os mesmos. Ainda temos esportes como: capoeira e futebol; temos aula de musica, onde aprendi tocar teclado e tomei gosto por este instrumento. Aqui nós aprendemos também a cultivar horta e a trabalhar com a pecuária, onde, inclusive, sou coordenador na fazendinha junto com o tio Fernando que me orienta. Outra ajuda que tenho recebido são as aulas de formação humana e bíblico–espiritual onde tenho os meus momentos de oração.
MATURIDADE
- Pela formação que recebo dos responsáveis pelo projeto Casa de Acolhida Bom Pastor, alcancei grande maturidade e tenho ajudado os membros da nossa comunidade na formação das novas crianças que chegam ao projeto. Este é um trabalho gratificante para mim, pois assim como cheguei um dia aqui no projeto, e fui ajudado por todos, posso agora retribuir este gesto com a minha parcela de contribuição.
Faço caminhada para poder fazer parte da comunidade Kairôs na cidade de Montes Claros, para poder mudar o futuro de tantas crianças, assim como o meu foi transformado por esse projeto. Devido à importância deste projeto é importante que todos da comunidade possam nos ajudar, seja financeiramente ou com qualquer outro tipo de ajuda.