Reunião entre a Comissão de Educação da Câmara de Montes Claros e a prefeitura, prevista para a próxima terça-feira, será decisiva para determinar os rumos da mobilização dos professores na cidade. Ainda sem perspectiva de quando receberão o salário de dezembro, os educadores esperam que deste encontro venha um posicionamento do Executivo. Caso contrário, ameaçam radicalizar o movimento, o que põe em xeque inclusive a retomada das aulas na rede pública, prevista para depois do Carnaval.

Em princípio, a reunião seria na próxima segunda-feira. Ontem à tarde, porém, o vereador Daniel Dias (PCdoB), nomeado horas antes presidente da comissão, foi avisado pelo gabinete do prefeito de que o encontro deve acontecer no dia seguinte, porque Humberto Souto estaria viajando.

O objetivo da reunião é cobrar o acerto imediato dos vencimentos atrasados dos servidores – quase 4 mil pessoas – e das rescisões dos funcionários dispensados. Também integram o grupo Maria Helena (PSL) e Edmilson Magalhães (PSDB).

A partir do resultado, diz Juliana Miranda, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Sistema Público Municipal de Montes Claros (Sind-Educamoc), a entidade tomará ou não a decisão de “radicalizar” o movimento.

A postura “mais dura”, afirma, pode englobar, entre outras ações, “garantir as ocupações permanentes (de instalações da prefeitura), impedir que os efetivos atendam a convocação de começar o ano letivo, bem como a contratação de não concursados”. Segundo a dirigente sindical, o movimento poderá contar com a adesão de outros sindicatos e de profissionais de outras instituições de ensino.
 
PROTESTO
Na terça-feira passada, Souto não recebeu membros do Sind-Educamoc. No mesmo dia, os educadores ocuparam as escadarias da prefeitura e venderam balas, pipocas e salgados nos semáforos das avenidas Cula Mangabeira e Professor João Luiz de Almeida para arrecadar dinheiro e ajudar servidores do magistério. “Aqueles que, além de não terem condições de pagar água e luz, estão sem comida na mesa”, disse Juliana Miranda.

O sindicato contesta a versão da prefeitura de que não há recursos em caixa para quitar o salário do funcionalismo. “O prefeito não pode continuar alegando depender do governador Romeu Zema para pagar os professores”, diz.

O principal argumento da categoria é o de que os recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) recebidos pelo município seriam suficientes para cobrir a folha, de R$ 5,2 milhões. Segundo o vereador Daniel Dias, os repasses do Fundeb ao município, desde 1º de janeiro de 2019, somariam R$ 9,6 milhões.

Anteriormente, a prefeitura havia condicionado o pagamento dos salários à liberação, pelo governo do Estado, de recursos do Fundeb que não teriam sido repassados em 2018. Procurado ontem por O NORTE, por meio da assessoria de comunicação, o Executivo não se manifestou.
Na última quarta-feira, o sindicato, em assembleia em frente à Prefeitura, decidiu realizar passeata e carreata de professores e parentes do Centro da cidade ao bairro Todos os Santos, onde o prefeito mora.

De acordo com a vice-presidente da entidade, “daqui pra frente nenhuma hipótese pode ser descartada, porque a Educação é a única categoria de servidores do município que não recebeu”.

Segundo o vereador Daniel Dias adiantou a O NORTE, a intenção é a de que todos os vereadores participem da reunião com o prefeito na terça-feira, concentrando esforços na tentativa de conseguir o depósito referente a dezembro para os educadores, sob pena de a situação se agravar em função dos salários de janeiro.

“Está na hora de verificar quem de fato valoriza a educação. Não justifica a luta pelo que já foi garantido. O momento reclama avanços”, disse Daniel Dias, também educador.