Em uma decisão conjunta com representantes de várias regiões do Estado, trabalhadores da Copasa em Montes Claros entram em greve a partir desta terça-feira, 4, por tempo indeterminado. O motivo é a PEC 24 que entra em votação em segundo turno esta semana na Assembleia Legislativa de Minas Gerais ( ALMG) e caso seja aprovada, abre caminho para a venda da estatal, pelo governado do Estado.
Félix Fróes, representante do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do Estado de Minas Gerais ( Sindágua-MG), informou que a decisão de greve foi definida em assembleia. “Nós somos a resistência, os trabalhadores são a resistência contra esses projetos neoliberais que prejudicam a população”, disse. Felix lembrou que a presença de funcionários da região na ALMG em Belo Horizonte, por ocasião da primeira votação, foi significativa. “Só para vocês terem ideia, a área de abrangência da Copasa no Norte de Minas, tem 1.100 funcionários e nós colocamos lá 700 pessoas. Havia 6 mil pessoas em Belo Horizonte, então, a ideia é dobrar isso aí”, explicou, ressaltando que os servidores da Copasa estarão em massa na ALMG no dia 5 e além de Montes Claros, os ônibus sairão das cidades de Espinosa, Janaúba, Salinas e Porteirinha. Félix informou que outros sindicatos estão unidos pela iniciativa e pontuou que é inaceitável que os deputados da região se posicionem contrários ao que o povo espera deles. O resultado , segundo o representante do Sindágua, poderá ser desastroso para os parlamentares, já que o próximo ano é eleitoral. “Estamos distribuindo aqui um material com os 52 deputados que votaram a favor da PEC 24, que pretende destruir o nosso patrimônio”. O material inclui a foto dos deputados da chamada Bancada do Norte, cujos parlamentares são naturais ou tem residência em Montes Claros e região, com o posicionamento de cada um.
A deputada estadual Beatriz Cerqueira veio a Montes Claros e participou do ato popular. Em conversa com a reportagem, a deputada afirmou que embora o governador tenha maioria na Assembleia, e tenha recebido o voto de 52 deputados, favoráveis à venda, na primeira votação, acredita na sensibilidade dos parlamentares para alterar o voto em um tema que atinge toda a população. “É muito grave.Tem sete anos que esse governador defende a privatização. Se ele queria privatizar, deveria ter feito o plebiscito, porque o referendo que está na constituição tem que ser respeitado. Não se muda a constituição de acordo com a conveniência, que é o que ele quer fazer”, disse. A deputada pontuou os diversos prejuízos que podem resultar da privatização, entre eles, o aumento do valor da conta de água, a diminuição da tarifa social e a piora na prestação de serviços, a exemplo do que já aconteceu em outros lugares em que a desestatização foi adotada. “Não tem experiência bem sucedida de privatização, então porque jogar o povo nessa situação absurda?Tenho esperança de que colegas reavaliem essa posição”, diz.
Conforme a parlamentar, várias outras categorias profissionais definiram por greve na data em que ocorrerá a votação, pois é um assunto de todo mundo e as pessoas precisam se movimentar.
Nota
Procurada para informar se a greve afetaria os serviços na cidade, a Copasa respondeu, por meio de nota, que, “o Sindágua MG garante que a prestação de serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário será mantida regularmente. A Companhia esclarece ainda que a agência de Montes Claros vai funcionar com o mínimo de 30% do número de funcionários. Para agilidade no atendimento às demandas, os clientes podem entrar em contato diretamente com a Copasa, por meio dos canais de relacionamento. São eles: Agência Virtual no site www.copasa.com.br; Aplicativo Copasa Digital; Webchat no site; WhatsApp (31) 99770 7000 (funcionamento: segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, e aos sábados, domingos e feriados (excetos e nacionais), das 8h às 12h; Central de Atendimento 0800 0300 115”.