Presenças perigosas

Seca e queimadas empurram abelhas para dentro de Montes Claros

Márcia Vieira
marciavieirayellow@yahoo.com.br
Publicado em 10/10/2025 às 19:00.
Distanciamento - Barulho e cheiros fortes podem alvoroçar as abelhas que , ameaçadas , partem para o ataque (Márcia Vieira)
Distanciamento - Barulho e cheiros fortes podem alvoroçar as abelhas que , ameaçadas , partem para o ataque (Márcia Vieira)

Recentemente, a fisioterapeuta Janaina Barros Vieira estava indo para a academia próxima à sua residência, quando ao passar debaixo de uma árvore, foi surpreendida pelo ataque de abelhas. “Começou uma ventania e as abelhas, escondidas, vieram em minha direção. Fui picada no supercílio, na testa, nariz e até no couro cabeludo. Foram mais de 20 picadas”, relata Janaína, que foi salva por uma moradora que varria a calçada do outro lado da rua. Ela percebeu o que estava acontecendo e com a vassoura ajudou a espantá-las. Foi traumático”, conta Janaina, que agora redobrou a atenção ao andar pelas ruas. Esta semana, ela percebeu novamente um enxame perto do mesmo local da ocorrência. “Avisei a dona da casa. É um perigo, senti muitas dores, fiquei com os membros inchados e demorou a passar”, diz.

A médica alergista Fernanda Bilharinho explica que, quando as picadas aparecem em excesso, o paciente pode ter reação à quantidade de veneno. “Não é uma reação alérgica, é uma reação tóxica. É grave e potencialmente fatal”, diz. Os sintomas, segundo a especialista, incluem falta de ar, rouquidão, desmaio, lesões de pele do tipo urticária e inchaço do rosto associado a sintomas respiratórios, alteração de frequência cardíaca e queda de pressão. “O paciente deve imediatamente buscar um pronto-socorro e não deve mexer no ferrão da abelha, porque quando tenta retirar com pinça, pode aumentar a liberação de veneno na pele. Isso serve tanto para reação tóxica quanto para alérgica”, orienta.

De acordo com Fernanda, existem pacientes que reagem gravemente se picados por somente uma abelha. “Nesse caso, com os sintomas similares já descritos, a providência também inclui a busca por um hospital para receber o tratamento adequado, que pode ser adrenalina, monitorização ou reposição de volume”, afirma. A especialista pontua não haver um soro para o veneno de abelha. O que existe é a imunoterapia, sendo vacinas de alergia que devem ser feitas posteriormente ao acidente. “O paciente, após ser levado ao hospital, deve procurar o alergista para fazer a investigação e pensar na imunoterapia se for realmente uma reação alérgica”, complementa. Quanto às reações mais leves, como inchaço, empolas no corpo todo e coceira, a médica diz que não são sintomas graves e o paciente pode usar antialérgico em casa, desde que orientado por um médico, em um atendimento mais simples e não necessariamente de urgência.

O Corpo de Bombeiros tem sido convocado quase que diariamente para lidar com a remoção de abelhas, que se multiplicam na cidade. Esta semana, próximo à praça da Matriz, um galho de árvore rompeu e o enxame permaneceu preso ao galho sobre a calçada, oferecendo perigo aos transeuntes e moradores.

Na mesma data, no Bairro Vera Cruz, outra ocorrência mobilizou os bombeiros. Duas pessoas estavam em uma residência, impossibilitadas de sair devido à grande quantidade de abelhas alvoroçadas na via pública. Uma pessoa foi picada e acionou a corporação. Segundo a Sargento Jacqueline Silva, do Corpo de Bombeiros, as ocorrências de incêndio contribuem para a situação. “As abelhas itinerantes se sentem ameaçadas no parque ou na mata. Como está muito seco e devido aos incêndios, elas saem de lá procurando abrigo e vêm para a zona urbana”, destaca.

Em um eventual aparecimento de enxames, os moradores não devem se aventurar para retirá-las. A dica do Corpo de Bombeiros é manter uma distância aproximada de 10 metros dos enxames, evitar provocar barulho, fumaça ou cheiros fortes. “Se estiver no local que não coloque em risco as pessoas ou animais domésticos, a gente pede um período de 72 horas para que elas deixem o local, porque as abelhas itinerantes não ficam mais do que 72 horas em um mesmo lugar. Se passar mais de 72 horas, aí sim as pessoas devem fazer contato via 193 e solicitar que o CB vá até o local fazer a captura”, orienta. O extermínio, conforme a Sargento, só é feito em último caso, a prioridade é a captura, que só deve ser feita por pessoas treinadas, como bombeiros ou apicultores.

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