Baixo nível de água expõe sujeira e bancos de areia; no Parque Milton Prates, compromete até uso de pedalinho
O baixo volume de chuva registrado nos últimos anos não só preocupa a população como compromete cartões-postais de Montes Claros. Pelo menos duas lagoas da cidade são castigadas pela estiagem, que faz com que lixo e bancos de areia fiquem à mostra.
Construída no fim da década de 1970, na região Leste da cidade, a partir do córrego Melancias, a Lagoa do Interlagos passou de ponto turístico a depósito de sujeira desde que a seca trouxe à tona uma enorme quantidade de lixo depositada no reservatório.
Já na região Sul, o nível de água da Lagoa do Parque Municipal Milton Prates diminuiu tanto nos últimos dias que várias ilhas emergiram, impossibilitando a utilização dos pedalinhos em alguns pontos.
Situação que entristece o montador Emerson da Mota. Ele visitou o parque com a filha de 3 anos. “Estamos convivendo com a falta de chuva significativa há anos. É lamentável ver isso”, diz.
Despreocupadas devido à pouca quantidade de água, crianças foram flagradas na segunda-feira, por volta das 12h30, nadando na lagoa. A prática ali é proibida, mas, segundo um dos garotos, a utilização do espaço pelos menores é comum.
“Estamos em uma parte rasa. Sabemos nadar, então não tem risco”, justificou o menino de 11 anos.
A engenheira ambiental Aline Nascimento diz que a redução das chuvas e a falta de planejamento contribuem para o quadro.
“Uma série de fatores influencia na seca das lagoas, como o assoreamento”, destaca.
Outro problema dos reservatórios está no risco de incêndio nas taboas, plantas aquáticas que podem atingir quatro metros de altura e são muito comuns na região. No último fim de semana, uma ocorrência teria assustado comerciantes e moradores do entorno da Lagoa do Interlagos.
“A questão das taboas é delicada, porque elas são necessárias para o ecossistema. Mas se estão causando transtornos, como incêndios, podem ser removidas. No entanto, é necessária uma autorização ambiental”, diz Aline Nascimento.
LISTA
Mas as lagoas enfrentam outros problemas. O empresário Luis Souza reclama do despejo de esgoto residencial na Lagoa do Interlagos e da iluminação precária – em alguns pontos, afirma, falta energia. Em outros, as luzes ficam acessas 24 horas.
A redação de O Norte tentou contato com a assessoria de comunicação da prefeitura para saber a posição do município em relação à utilização, pelas crianças, da Lagoa do Parque Municipal Milton Prates e se existe alguma medida para amenizar a situação dos reservatórios. Até o fechamento desta edição, no entanto, a redação não obteve resposta.