Samuel Nunes
Repórter
samuelnunes@onorte.net
O Norte traz hoje um assunto importante sobretudo para a saúde da população: rede de esgoto e saneamento básico. Em pleno século 21 ainda existem locais na cidade que não possuem rede de esgoto, trazendo problemas para muitas famílias, especialmente as crianças.
A cena se repete em várias regiões de Montes Claros, como no Bairro Cidade Industrial, onde os moradores convivem com um ambiente totalmente degradado
- O esgoto aqui no bairro São Geraldo II corre a céu aberto, muitas crianças e até adultos podem pegar doenças por este motivo – diz o presidente da associação dos moradores do povoado São Geraldo II, distante 10km de Montes Claros, Laurenço Soares Pinto. Ele salienta que os moradores do bairro utilizam as chamadas fossas no quintal de suas casas, pois ainda não receberem o beneficio da rede de esgoto da Copasa.
SUBTERFÚGIO
No dia 17 de julho O Norte conversou com o supervisor da Copasa , Tiburtino Oliveira que afirmou naquela oportunidade que 99,8% da cidade possuem água tratada, já a rede de esgoto está em 96% . Ele lembra que em muitos bairros da cidade tem a rede de esgoto, no entanto muitos moradores, para fugir do pagamento da taxa, usam fossas, o que segundo ele é lamentável e que é preciso fazer um trabalho de conscientização para que as pessoas não continuem adotando este procedimento. Tiburtino afirma que para chegar aos 100% de água e esgoto na cidade é preciso o crescimento vegetativo, que é concluir estes serviços em ruas onde já estão funcionando.
DESAFIO
As profundas desigualdades regionais existentes na infra-estrutura de saneamento fazem da universalização e da melhoria dos serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, coleta de lixo e drenagem urbana, um objetivo a ser alcançado pelo Estado e conquistado pela sociedade brasileira. Essa conquista ainda está por acontecer em Montes Claros como por exemplo nos bairros São Geraldo II e Renascença, onde algumas ruas carecem do beneficio. Moradores da rua F 25, no Renascença, afirmam que há anos convivem com este problema.
ESTAÇÃO DE TRATAMENTO
Uma das formas de contribuir com o saneamento básico em Montes Claros é através da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), que será construída pela Copasa na área onde ficava o antigo Frigonorte, de acordo com decreto de desapropriação de terreno de autoria do prefeito Athos Avelino – PPS.
O vereador Ruy Muniz, apesar de considerar a construção da ETE primordial para a melhoria do serviço no município, discorda da escolha do local. Segundo ele, a presença do sistema complexo naquela região poderia significar danos ambientais vitimando milhares de pessoas.
- É uma idéia que está com trinta anos de atraso. É preciso atualizar esse debate e a sociedade precisa ser ouvida neste momento. Apesar de tudo, a administração municipal insiste em continuar com este projeto na região do antigo Frigonorte - diz Ruy Muniz. Segundo ele, a construção da ETE é necessária por contribuir para a despoluição do rio Verde Grande, no entanto, o local para esta construção é inadequado.
Ele cita a comunidade de Toledo, a 3 km do bairro Jk e que fica na zona rural de Montes Claros, como um local que poderia ser construída a ETE, pois, nesta comunidade não tem contingente populacional se comparado com a região do Jk.
- Moradores dos bairros Jk e floresta vão entrar com uma ação na justiça impedindo a instalação da Estação de Tratamento de Esgoto naquela área. Alguns proprietários também não estão concordando com a instalação – diz.
SANEAMENTO BÁSICO
Em entrevista ao O Norte, Leila Tolentino Barbosa, que é engenheira eletricista, mestre em Saneamento, Meio ambiente e Recursos Hídricos, professora e coordenadora do curso de Engenharia Ambiental e engenheira de Segurança do Trabalho, diz que saneamento básico é o conjunto de medidas adotadas para preservar ou modificar as condições do meio ambiente com a finalidade de controlar e prevenir doenças, melhorar a qualidade de vida da população e facilitar as atividades econômicas. De acordo com ela compõem as ações de saneamento básico, dentre outras, o abastecimento de água, a disposição de esgotos e a disposição do lixo.
A falta de água afeta grande parte da população de Montes Claros
(fotos: Wilson Medeiros)
Leila Tolentino observa que a implantação de um sistema de esgoto afasta a possibilidade de contato com despejos e dejetos humanos com a população, águas de abastecimento, vetores de doenças e alimentos, possibilitando desta forma, a redução de despesas com o tratamento tanto da água de abastecimento quanto das doenças provocadas pelo contato humano com os dejetos.
- Minha área de atuação profissional está voltada, mais precisamente, para o tratamento e a disposição final de resíduos sólidos urbanos, no entanto, é senso comum, a importância da implantação do sistema de coleta e tratamento de esgoto para evitar a infinidade de doenças transmitidas pela falta de saneamento como o cólera, amebíase, vários tipos de diarréia, hepatite, dentre outras doenças vinculadas, tendo em vista o alto custo dos tratamentos para o SUS.