Roubo de cabos de energia em MOC dispara e afeta população

Nesta semana, ataque à Rede de Frios da Regional de Saúde quase resulta em perda de vacinas e prejuízo superior a R$ 3 milhões

Larissa Durães
20/05/2022 às 00:41.
Atualizado em 20/05/2022 às 23:45
Vacinas foram preservadas graças à ação rápida dos funcionários da Regional de Saúde, que as acondicionaram em caixas térmicas ainda na madrugada (–SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DE SAÚDE/DIVULGAÇÃO)

Vacinas foram preservadas graças à ação rápida dos funcionários da Regional de Saúde, que as acondicionaram em caixas térmicas ainda na madrugada (–SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DE SAÚDE/DIVULGAÇÃO)

O roubo de cabos de energia de semáforos, telefonia, luz e internet disparou 43% em Montes Claros de janeiro a abril deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. As ocorrências de 2022 já são 75% do total anotado em 2020. E os prejuízos, tanto para o setor público quanto privado e para a população, são cada vez maiores.

Nesta semana, ladrões atacaram o prédio que abriga a Rede de Frios da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros, que fica na avenida Carlos Ferrante, no bairro Edgar Pereira.

Com o corte de energia, a ação quase provoca um prejuízo superior a R$ 3 milhões ao Estado e a perda de milhares de doses de vacina que precisam da refrigeração para serem conservadas e aplicadas na população.

Os bandidos invadiram o prédio por volta de meia-noite da última terça-feira (17) e cortaram o fornecimento de energia. A Polícia Militar foi acionada, o que interrompeu a ação dos ladrões. No entanto, por volta das 4h, eles voltaram ao prédio e concluíram o furto da fiação elétrica.

Após o primeiro ataque ao prédio, servidores da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) estiveram no imóvel e providenciaram a transferência de milhares de doses de vacinas das câmaras frias para caixas de isopor com termômetros, para manter o isolamento térmico e o controle de temperatura.

Depois que os servidores saíram do prédio, os ladrões retornaram ao imóvel e concluíram o furto da fiação.
 
NA MADRUGADA 
Em Montes Claros, os ladrões estão atuando de madrugada em várias regiões da cidade e furtando os fios de cobre de residências, igrejas e de estabelecimentos comerciais. O crime pode causar transtornos para as empresas públicas que ofertam serviços essenciais à sociedade, como a Cemig e a Copasa, e, principalmente, para a população.

Dados do 11º Departamento de Polícia Civil de Montes Claros mostram que o total de ocorrências de roubo ou fruto de fios/cabos elétricos em Montes Claros de janeiro a abril deste ano já chega a 33, contra 23 no mesmo período de 2021.

Um dos locais alvos dos criminosos foi a Igreja Rosa Mística, sediada no Jardim São Luiz. Na madrugada de 27 de abril, o templo foi atacado. O prejuízo foi calculado em R$ 8 mil. Sem contar que a missa do dia seguinte teve que ser celebrada a luz de velas.

A Polícia Civil identificou e indiciou o suspeito de furtar a igreja. Segundo a PC, o homem de 39 anos é morador em situação de rua e era atendido pelos programas sociais desenvolvidos na paróquia. Ele é reincidente no cometimento de crimes contra o patrimônio, como furto e roubo, e ainda possui antecedentes por tráfico de drogas.

Ação de bandidos representa alto risco
Levantamento feito pela Polícia Civil, a pedido de O NORTE, mostra que o bairro campeão em furtos de cabos de energia no período de janeiro de 2020 a maio de 2022 é o Vila Castelo Branco, com dez ocorrências. Em segundo lugar aparece o Ibituruna (8) e, em terceiro, o Centro (7).

Para o técnico da Rede Subterrânea da Cemig, Felipe Martins, além dos prejuízos financeiros causados à empresa por esse tipo de ação criminosa, a maior preocupação da companhia é com os riscos que atitudes como essas podem ocasionar às pessoas. 

“O furto de cabos pode deixar hospitais sem luz, trânsito sem sinalização e comércios sem poder funcionar, por exemplo, prejudicando a todos”, ressalta.

Para o gerente da Unidade de Controle Operacional da Copasa, Rodrigo Ferreira Coimbra e Silva, só nos últimos 12 meses a empresa teve um prejuízo de R$ 2 milhões com a realização de reparos dos estragos provocados e restabelecimento das redes de abastecimento de água.

O gerente de Saúde e Segurança do Trabalho da Cemig, João José Magalhães Soares, explica que os furtos vão além de transtornos para empresas e população. Podem ainda causar mortes e amputações de membros, já que uma rede de média tensão subterrânea da Cemig pode chegar a ter 13 mil volts, enquanto a de responsabilidade do cliente tem até 220 volts.

“Essas tensões são elevadas e as pessoas que se arriscam neste tipo de crime podem sofrer um choque elétrico muito forte e morrer. Eles não utilizam equipamentos de segurança e o conhecimento que possuem do sistema elétrico é rudimentar ou inexistente”, esclarece.

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