Cidade

Registros de violência contra as mulheres aumentam em MOC

De janeiro a julho deste ano foram notificadas 4.563 ocorrências, 14% a mais que no mesmo período no ano passado ( 4.010)

Larissa Durães
Publicado em 08/09/2022 às 21:32.
Advogada e especialista na Promoção e Defesa do Direito das Mulheres,Amanda Silveira (ARQUIVO PESSOAL)

Advogada e especialista na Promoção e Defesa do Direito das Mulheres,Amanda Silveira (ARQUIVO PESSOAL)

Dados da Seção de Estatística e Análise Criminal do 11° Departamento de Policia Civil (PC) de Montes Claros apontam aumento no número de casos de violência contra mulheres na cidade.

De janeiro a julho deste ano foram registradas 4.563 ocorrências, 14% a mais que no mesmo período no ano passado ( 4.010)

O levantamento mostra, também, que o mês com maior número de denúncias foi março – 709, contra 514 de 2021. 

T. M, de 47 anos, é mãe de 7 filhos e sofreu violência doméstica. Mas diz que não teve coragem de fazer representação contra o pai de três de seus filhos. 

“Fiquei com medo porque ele ameaçava fazer algo contra minha família e meus filhos. Em uma das ocasiões, ele machucou o braço do meu pai agindo com violência dentro de casa. Os vizinhos viram e chamaram a polícia. Depois de preso e liberado, nunca mais voltou, mas ainda tenho medo de que aconteça algo”.

Mês passado, foi celebrada a campanha ‘Agosto Lilás’, que alerta sobre a violência contra a mulher. É realizada anualmente, em alusão à data da sanção da Lei Maria da Penha, que completou 16 anos e que tem o propósito de chamar a atenção da sociedade para o fim da violência contra mulheres. 
 
CASOS RECENTES
Recentemente, dois fatos ganharam repercussão em Montes Claros. Em um deles, o funcionário de uma farmácia da cidade foi preso acusado de importunação sexual contra uma jovem de 17 anos. A vítima foi até a farmácia para tomar uma injeção de anticoncepcional e, em local isolado, o homem tentou beijá-la à força e acariciou suas nádegas. 

Outro foi de uma jovem de 18 anos, que denunciou à Polícia Militar ter sofrido importunação sexual quando o cliente, durante uma massagem, começou a se masturbar na frente dela. Fonte da Polícia Civil informou ao O NORTE que o funcionário da farmácia conseguiu o benefício de liberdade provisória. O cliente da massagem não foi preso. 

Para a advogada e especialista na promoção e defesa do direito das mulheres, Amanda Silveira, o fato de os agressores ficarem em liberdade para serem ‘julgados’ depois causa constrangimento às vítimas e é culpa da legislação.  

“Não são situações isoladas. Acontecem, mas é devido, de fato, à fragilidades da própria legislação nossa. Por isto, precisamos, a todo momento, eleger pessoas que estejam ligadas às causas das mulheres, totalmente conectas com aquilo que a gente precisa. E só mudando a legislação teremos rigor maior e garantia de que aquilo que ele cometeu de errado, e foi provado e foi julgado, ele vai cumprir”, observa. 

A advogada avalia o aumento dos casos registrados em Montes Claros.  

“Temos um grande número de subnotificação não só aqui em Montes Claros, mas em todos os locais, principalmente onde tem delegacias especializadas no atendimento as mulheres vítimas de violência, percebemos que há muita subnotificação”.  

Para Amanda, muitos casos ainda se encontram às escuras. “Então, quando há esse aumento, obviamente a gente pode pensar no sentido de mais casos, mas podemos pensar também, que mais mulheres estão tendo acesso à justiça e por isto estão tendo coragem de enfrentar e denunciar os seus agressores”, ressalta. 
 
REDE DE APOIO 
Amanda Silveira destaca, ainda, a importância da rede de apoio composta pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Centro de Referência de Atendimento à Mulher (Cram), Delegacia da Mulher, Promotoria da Justiça e Vara de Violência Doméstica, que encoraja as mulheres a denunciar – e que proporcionam amparo às vítimas de forma correta. 

“Sem a rede de apoio, é impossível que essas mulheres se desvencilhem do agressore. Porque, às vezes, ele é uma pessoa legal para a sociedade, que tem emprego, religião, família. Essa rede de apoio é essencial, é imprescindível para que a mulher possa se libertar deste círculo de violência e chegar às denúncias. Mas para que isto aconteça, além da rede de apoio é preciso ter um atendimento humanizado. Sem esse atendimento humanizado, ela vai a primeira vez, mas não volta. A palavra da vítima é prova. Ela tem que ser tratada bem e reconhecida”, finaliza.

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