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Reciclagem caminha devagar em MOC, aponta análise

Falta de coleta seletiva e apoio limitado do poder público dificultam avanços

Márcia Vieira
marciavieirayellow@yahoo.com.br
Publicado em 15/05/2025 às 19:00.
Edina Souza afirma que, apesar de separar o lixo em casa, a coleta seletiva em Montes Claros não avança (Márcia Vieira)
Edina Souza afirma que, apesar de separar o lixo em casa, a coleta seletiva em Montes Claros não avança (Márcia Vieira)

Com o objetivo de reduzir lixo, preservar o meio ambiente e conscientizar sobre a reutilização de resíduos, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) criou em 2005 o “Dia Mundial da Reciclagem”, celebrado neste sábado, 17 de maio.

Dados de 2022 divulgados pela Prefeitura de Montes Claros e Associações de Catadores apontam que quase sete mil toneladas de lixo domiciliar são geradas mensalmente na cidade e aproximadamente 2.500 toneladas são passíveis de reciclagem, mas pouco mais de 500 toneladas chegam às associações credenciadas, por meio do programa “Recicla aos Montes”. 

Nesse projeto, o município subsidia o aluguel do galpão, as contas de água e luz e um técnico que acompanha o trabalho. Para Sidney Coutinho, presidente da Associação Eco Galpão, o projeto é importante, mas carece de aperfeiçoamento e mais investimento do poder público. “Nem sempre a renda é satisfatória. O programa ajuda muito. Sem ele, não conseguiríamos fazer quase nada, mas o ideal seria uma remuneração maior. A média é 60 a 80% do salário mínimo para as oito pessoas que tenho trabalhando no galpão”, afirma.

Em relação à remuneração dos catadores cadastrados, Sidney destaca que o valor que eles recebem está vinculado à quantidade de material que eles entregam. “Tem catador que recebe R$ 100, outros recebem R$ 1.200. Varia conforme a oscilação do material no mercado. Esse valor não é estipulado pelo município, é ditado pelo mercado de acordo com a oferta e procura. Temos de 40 a 44 famílias beneficiadas. O ideal seria atender a todas com um valor igual ou acima do salário mínimo”. Uma das alternativas citadas pelo presidente para aumentar a oferta de material seria a implantação da coleta seletiva em todo o município, pois, segundo Sidney, muitas vezes o morador deixa o material separado na porta, mas ele é recolhido por outras pessoas, com outra finalidade. “É um processo de sensibilização. A coleta seletiva está nos condomínios fechados, não na comunidade”.

Os dados informados pelo município em 2020 ao Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) apontam que somente 13 mil dos quase meio milhão de habitantes são atendidos com a coleta seletiva porta a porta. Somente dois bairros experimentam a situação: Jardim Palmeiras e Todos os Santos. No Jardim Primavera, a coleta está em fase de implantação. Nos demais, apesar da boa vontade da população em separar materiais, a coleta é feita pelos caminhões que recolhem todo tipo de lixo. A professora universitária Edina Souza diz que faz a sua parte, mas, diferentemente da sua terra natal, Pirapora, que implantou a metodologia desde o ano de 2008, Montes Claros estacionou.

“A cidade tem essa política de apoio aos catadores, mas não tem a coleta seletiva. Na prática, não tem avançado. Mesmo que esse material tenha gerado renda para algumas pessoas, estamos bem atrasados na implantação dos coletores e na infraestrutura junto aos domicílios”, diz a professora, que em sua residência faz questão de separar os materiais entre orgânicos e secos. “Nem tudo é reciclável, mas coloco em sacos transparentes para facilitar o trabalho dos catadores e evitar que aqueles individuais rasguem a embalagem e espalhem o lixo”, afirma Edina, ressaltando que o processo depende também de ações de educação desenvolvidas pelo poder público, para a população ser parceira.

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