
As altas temperaturas no Norte de Minas não são novidade para ninguém. A média máxima em Montes Claros em março, por exemplo, ultrapassa os 30 graus. Mas o que chama a atenção de especialistas e a população vem sentindo na pele é o alto índice de incidência dos raios ultravioleta, que está passando dos limites aceitáveis.
Segundo o Climatempo, na maior cidade do Norte de Minas, o índice chegou a 15 na última quinta-feira – em uma escala que vai de 1 a 16. Ontem, o máximo foi de 14, ambos considerados “extremos” e prejudiciais à saúde. Para se ter uma ideia, o alerta já acontece quando se atinge apenas o nível 8.
A presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) – Regional Minas Gerais, Rachel Guerra de Castro, destaca que índices preocupantes da radiação são consequência da redução da camada de ozônio, que filtra os raios que chegam à terra. Além disso, o Brasil é um país tropical e está perto da linha do Equador, o que aumenta a insolação no território.
PROTEÇÃO
Com níveis extremos, apenas o filtro solar não é suficiente. Além de causar tumores de pele, a radiação afeta a imunidade da pessoa, o que pode provocar outras doenças, como herpes e infecções. “Acima de 11, o recomendável é buscar sombra, principalmente ao meio-dia, bem como usar roupas compridas e bonés e evitar exercícios físicos ao ar livre”, frisa Rachel Guerra.
Com visão empresarial, o alfaiate Hilton Leite trabalha com a venda de manguitos há sete anos. O acessório, que tapa os braços e a mão, ajuda na proteção da pele contra os raios UV. Ele afirma, no entanto, que o sol precisa “castigar” pra conseguir vender.
“Nublou, a gente não vende. As pessoas precisam sentir na pele a necessidade de usar os manguitos para realmente procurar”, afirma.
A mãe dele, Joana Leite Barbosa, foi quem teve a ideia de fazer o acessório. “Assim que fizemos os primeiros já apareceram fregueses comprando e elogiando a iniciativa”, disse, lembrando que quem mais procura são motoqueiros, ambulantes e fazendeiros, todos profissionais que ficam muito expostos ao sol.
Mariella Miranda, coordenadora do curso de Estética e Cosmética da Funorte, alerta ainda que a preocupação deve ocorrer mesmo em dias nublados. “A radiação é constante. Em tempos chuvosos ou nublados reduz apenas a radiação UV-B, responsável pelo bronzeamento”, disse, confirmando que é preciso evitar sol entre as 10h e 16h.
Maria Lúcia Pereira, de 56 anos, disse tomar todas as precauções quando sai de casa, sobretudo porque é a responsável por levar e buscar a sobrinha na escola. “Mesmo quando está nublado, faço uso de sombrinha e do protetor solar porque queima, é um jeito de me proteger”, explica.
Protetor solar é acessório obrigatório para Érica Janaína Martins Rodrigues, de 24 anos. Apesar de o sol apresentar riscos para a pele, é com ele a pino que ela lucra. Pela manhã, fica durante quatro horas pelas ruas vendendo geladinhos.
Na esquina das ruas Camilo Prates e Presidente Vargas, a reportagem registrou vários mototaxistas abordando pedestres. Eles ficam expostos à forte luminosidade muitas horas ao dia. O violonista Alysson Tadeu Rodrigues Azevedo, de 41 anos, que há cinco trabalha com o transporte de passageiros, diz que não sai de casa sem o uso do protetor solar e de camisas de manga comprida. “Mesmo assim, quando o sol fica mais forte, a gente fica na praça, em busca de sombra”, diz.