
Alunos da escola do Sesi em Montes Claros estão com aulas suspensas temporariamente. Na última sexta-feira (14), foram constatadas rachaduras no prédio onde funciona a escola, no bairro Ibituruna. O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil estiveram no local e nesta quarta-feira (19), concluem a vistoria que vai indicar o tipo de dano apresentado no prédio.
Inaugurada em março de 2024, a Escola Quita Guimarães é a primeira escola da Rede SESI Educação, do Sistema FIEMG, na região Norte de Minas Gerais, com capacidade para atender 1.100 estudantes. Antes de ser repassado ao Sesi, o prédio sediou o Centro de Práticas das Engenharias, Arquitetura e Gestão (CEPEAGE) ligado à FipMoc.
A jornalista Helen Santos tem uma filha que estuda na escola e lamenta pela situação. “Minha filha já havia falado sobre umas rachaduras que apareceram e a preocupação dos alunos. A escola decidiu pela vistoria e suspensão de aulas e comunicou aos pais. Estamos tristes. É uma escola muito bonita e tem ensino de qualidade. A partir de segunda-feira, as aulas serão online”, disse. Questionada se voltaria com a filha para a escola se liberado o prédio, a jornalista diz que a questão é passível de avaliação e, após um laudo das autoridades responsáveis, ela faria uma visita ao local para verificar as condições, mas este ano, como está finalizando o período letivo, possivelmente os alunos não retornarão ao prédio. A iniciativa de suspender as aulas foi adotada como medida preventiva pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG Regional Norte), que administra a instituição.
Já A. S., mãe de um aluno, disse que está preocupada e não consegue contato presencial nem por telefone com os responsáveis. “Escolheram apenas alguns pais para participar da reunião. Não fomos recebidos e estou bastante apreensiva. Não sabemos se houve uma análise estrutural antes de colocarem nossos filhos lá dentro. As informações não estão claras”. Ela teme por outros prejuízos que a situação possa acarretar.
Segundo relato, a circular enviada aos pais fala em apoio tecnológico e aula gravada, mas não explica o que é de fato esse apoio, se as aulas serão por IA ou ao vivo, e se haverá um meio de tirar dúvidas. “Nossos filhos ainda estão tratando os problemas psicológicos gerados pela pandemia. O certo seria alocarem outro espaço. Como fica a situação dos pais que não têm com quem deixar os filhos? Terão que contratar pessoas? O nosso contrato com a escola é de aula presencial. Teremos ressarcimento?”, questiona.
Em contato com a Defesa Civil nesta quarta (19), o secretário Anderson Chaves destacou que há duas possibilidades: se dano de alvenaria ou dano estrutural. No primeiro caso, a correção é mais simples. Já o segundo requer um estudo mais aprofundado e correção mais complexa. Segundo Anderson, foram feitas reuniões com todos os atores do processo e o município estuda a possibilidade de ceder um espaço para não haver prejuízo para os alunos.
O prédio do bairro Ibituruna foi construído pela Construtora Turano, que também construiu o Edifício Roma, interditado em abril de 2024 após apresentar danos nos pilares. Na ocasião, o Roma, edifício de 19 andares e de alto padrão no bairro São Luiz, foi evacuado às pressas e está em processo de correção. Os moradores foram direcionados a outras moradias, custeadas pela Construtora. Em agosto de 2025, foi concluído o processo de remoção das escoras e o edifício permanece interditado, com as obras sob acompanhamento da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Instituto de Pesquisas Tecnológicas.
Sobre o prédio da escola Sesi, um comunicado da Turano Construtora diz que desconhece qualquer interdição relacionada ao prédio mencionado. “Até o momento, não recebemos nenhuma notificação oficial de órgãos públicos, da instituição responsável ou de qualquer entidade técnica que nos vincule ao caso ou atribua qualquer responsabilidade à empresa. Esclarecemos ainda que a Turano nunca foi proprietária do imóvel e não detém responsabilidade técnica, contratual, operacional ou de manutenção sobre o prédio referido, o qual, inclusive, foi construído há aproximadamente 10 anos. À época, a atuação da Turano se limitou exclusivamente à execução do projeto fornecido, nos estritos termos contratuais, com prazo de responsabilidade já exaurido. Por fim, reforçamos que permanecemos à disposição para prestar esclarecimentos pelos canais oficiais e sobre obras que estejam sob responsabilidade contratual direta da Turano Construtora”.
Procurada, a FIEMG informou que, desde os primeiros sinais de anomalias estruturais no prédio, adotou imediatamente todas as medidas preventivas para a segurança de alunos, colaboradores e da comunidade acadêmica. “A instituição mantém acompanhamento técnico contínuo e atua de forma colaborativa com a Defesa Civil de Montes Claros e com a Turano, construtora responsável pelo empreendimento, seguindo rigorosamente as orientações dos órgãos competentes”. Quanto ao calendário escolar, o órgão garante que a escola organizou a estrutura necessária para essa transição e os estudantes da Educação Infantil ao Ensino Médio terão acesso às atividades por meio de diferentes estratégias. “A instituição mantém comunicação direta e contínua com pais e responsáveis, prestando esclarecimentos e atualizações sobre cada etapa do processo”.
