Infraestrutura

Rachaduras fecham escola do Sesi em Montes Claros e pais cobram respostas

Márcia Vieira
marciavieirayellow@yahoo.com.br
Publicado em 19/11/2025 às 19:00.
Aulas presenciais foram suspensas até conclusão das autoridades locais (Defesa Civil)
Aulas presenciais foram suspensas até conclusão das autoridades locais (Defesa Civil)

Alunos da escola do Sesi em Montes Claros estão com aulas suspensas temporariamente. Na última sexta-feira (14), foram constatadas rachaduras no prédio onde funciona a escola, no bairro Ibituruna. O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil estiveram no local e nesta quarta-feira (19), concluem a vistoria que vai indicar o tipo de dano apresentado no prédio.

Inaugurada em março de 2024, a Escola Quita Guimarães é a primeira escola da Rede SESI Educação, do Sistema FIEMG, na região Norte de Minas Gerais, com capacidade para atender 1.100 estudantes. Antes de ser repassado ao Sesi, o prédio sediou o Centro de Práticas das Engenharias, Arquitetura e Gestão (CEPEAGE) ligado à FipMoc.

A jornalista Helen Santos tem uma filha que estuda na escola e lamenta pela situação. “Minha filha já havia falado sobre umas rachaduras que apareceram e a preocupação dos alunos. A escola decidiu pela vistoria e suspensão de aulas e comunicou aos pais. Estamos tristes. É uma escola muito bonita e tem ensino de qualidade. A partir de segunda-feira, as aulas serão online”, disse. Questionada se voltaria com a filha para a escola se liberado o prédio, a jornalista diz que a questão é passível de avaliação e, após um laudo das autoridades responsáveis, ela faria uma visita ao local para verificar as condições, mas este ano, como está finalizando o período letivo, possivelmente os alunos não retornarão ao prédio. A iniciativa de suspender as aulas foi adotada como medida preventiva pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG Regional Norte), que administra a instituição.

Já A. S., mãe de um aluno, disse que está preocupada e não consegue contato presencial nem por telefone com os responsáveis. “Escolheram apenas alguns pais para participar da reunião. Não fomos recebidos e estou bastante apreensiva. Não sabemos se houve uma análise estrutural antes de colocarem nossos filhos lá dentro. As informações não estão claras”. Ela teme por outros prejuízos que a situação possa acarretar.

Segundo relato, a circular enviada aos pais fala em apoio tecnológico e aula gravada, mas não explica o que é de fato esse apoio, se as aulas serão por IA ou ao vivo, e se haverá um meio de tirar dúvidas. “Nossos filhos ainda estão tratando os problemas psicológicos gerados pela pandemia. O certo seria alocarem outro espaço. Como fica a situação dos pais que não têm com quem deixar os filhos? Terão que contratar pessoas? O nosso contrato com a escola é de aula presencial. Teremos ressarcimento?”, questiona.

Em contato com a Defesa Civil nesta quarta (19), o secretário Anderson Chaves destacou que há duas possibilidades: se dano de alvenaria ou dano estrutural. No primeiro caso, a correção é mais simples. Já o segundo requer um estudo mais aprofundado e correção mais complexa. Segundo Anderson, foram feitas reuniões com todos os atores do processo e o município estuda a possibilidade de ceder um espaço para não haver prejuízo para os alunos.

O prédio do bairro Ibituruna foi construído pela Construtora Turano, que também construiu o Edifício Roma, interditado em abril de 2024 após apresentar danos nos pilares. Na ocasião, o Roma, edifício de 19 andares e de alto padrão no bairro São Luiz, foi evacuado às pressas e está em processo de correção. Os moradores foram direcionados a outras moradias, custeadas pela Construtora. Em agosto de 2025, foi concluído o processo de remoção das escoras e o edifício permanece interditado, com as obras sob acompanhamento da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Instituto de Pesquisas Tecnológicas.

Sobre o prédio da escola Sesi, um comunicado da Turano Construtora diz que desconhece qualquer interdição relacionada ao prédio mencionado. “Até o momento, não recebemos nenhuma notificação oficial de órgãos públicos, da instituição responsável ou de qualquer entidade técnica que nos vincule ao caso ou atribua qualquer responsabilidade à empresa. Esclarecemos ainda que a Turano nunca foi proprietária do imóvel e não detém responsabilidade técnica, contratual, operacional ou de manutenção sobre o prédio referido, o qual, inclusive, foi construído há aproximadamente 10 anos. À época, a atuação da Turano se limitou exclusivamente à execução do projeto fornecido, nos estritos termos contratuais, com prazo de responsabilidade já exaurido. Por fim, reforçamos que permanecemos à disposição para prestar esclarecimentos pelos canais oficiais e sobre obras que estejam sob responsabilidade contratual direta da Turano Construtora”.

Procurada, a FIEMG informou que, desde os primeiros sinais de anomalias estruturais no prédio, adotou imediatamente todas as medidas preventivas para a segurança de alunos, colaboradores e da comunidade acadêmica. “A instituição mantém acompanhamento técnico contínuo e atua de forma colaborativa com a Defesa Civil de Montes Claros e com a Turano, construtora responsável pelo empreendimento, seguindo rigorosamente as orientações dos órgãos competentes”. Quanto ao calendário escolar, o órgão garante que a escola organizou a estrutura necessária para essa transição e os estudantes da Educação Infantil ao Ensino Médio terão acesso às atividades por meio de diferentes estratégias. “A instituição mantém comunicação direta e contínua com pais e responsáveis, prestando esclarecimentos e atualizações sobre cada etapa do processo”.

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