Quando o calor traz o perigo

Jornal O Norte
Publicado em 24/01/2007 às 10:11.Atualizado em 15/11/2021 às 07:56.

Crianças e jovens usam livremente as águas do Interlagos, construindo seus próprios barcos e se expondo ao risco da morte diariamente, sem que a prefeitura, responsável pelo logradouro, tome medidas para evitar novas tragédias 



Naíma Rodrigues


Repórter


onorte@onorte.net



Como resultado de férias e do grande calor de Montes Claros, muitas crianças e jovens têm buscado um forma de lazer um pouco perigosa: estão nadando e pescando na lagoa Interlagos, mais conhecida como a lagoa da Pampulha, sem nenhum equipamento de segurança. Crianças sem a noção do perigo que estão correndo embarcam em pequenos botes que ficam suspensos na água com a ajuda de garrafas de plásticos.






Na foto, flagrante de jovens e crianças que usam a chamada lagoa da Pampulha sem observar a lei e sem tomar medidas que possam evitar acidentes graves (foto: Wilson Medeiros)



Não existe patrulhamento no local para impedir a população de usar indevidamente o local, ainda que procurando lazer e se refrescar do calor.  Na área, apenas placa instalada pela prefeitura informa que a lagoa é um local proibido para pesca e banho.



RISCO DE MORTE



Um das crianças que usam botes livremente pela lagoa proibida tem apenas oito anos de idade. O garoto falou que usa a lagoa todos os dias, sozinho, sem a ajuda de adultos.



- E eu não sei nadar, mas entro na lagoa com meu barco, que eu mesmo faço – conta, empolgado com a façanha perigosa.



O garoto acrescenta que mesmo não sabendo nadar, embarca no bote e vai na parte funda das águas, sem que ninguém tente impedi-lo.



- Aqui o pessoal é legal – diz, inocente do risco que corre todos os dias.



Como forma de proteção, a criança utiliza apenas duas garrafas de plástico, amarradas por um barbante.



– O bote é fácil de fazer, só preciso de tábua, madeira. Para ele boiar, coloco folha de coqueiro ou de bananeira e amarro nas 20 garrafas, mais alguns pedaços de isopor. Aí, o barco não afunda. Eu não sei nadar, mas mesmo assim entro no bote com algumas garrafas e fico tranqüilo.



SITUAÇÃO DA ÁGUA



O Norte entrou em contato, com José Ponciano Neto, técnico em meio ambiente da Copasa, que adiantou não estar devidamente informado das condições da água do local.



– Fazíamos monitoramento da lagoa, pois caía esgoto dentro dela, mas depois que instalamos os interceptores, não temos mais acompanhado como anda a situação do local, que agora é de responsabilidade da prefeitura. – alega José Ponciano.



O Norte também tentou entrar em contato com a prefeitura, durante dois dias, mas as pessoas responsáveis pelo setor, de acordo com seus assessores, não estavam em condições de falar sobre o assunto.



CUIDADOS



A reportagem também procurou o Corpo de bombeiros e conversou com Wagner Rogério Lopes



- Nossa função no Corpo de bombeiros é a de orientar as pessoas. Passamos pela lagoa da Pampulha diversas vezes para orientar a população, mas o pessoal fica com raiva, não entendendo que esta é a nossa função.



Algumas dicas são fundamentais, de acordo com o Corpo de bombeiros, para evitar tragédias comuns nessa época do ano: evitar nadar sozinho; antes de entrar na água não tomar bebidas alcoólicas; também é recomendável que não se afaste da margem; e usar coletes salva-vidas em locais profundos.

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