Crianças e jovens usam livremente as águas do Interlagos, construindo seus próprios barcos e se expondo ao risco da morte diariamente, sem que a prefeitura, responsável pelo logradouro, tome medidas para evitar novas tragédias
Naíma Rodrigues
Repórter
onorte@onorte.net
Como resultado de férias e do grande calor de Montes Claros, muitas crianças e jovens têm buscado um forma de lazer um pouco perigosa: estão nadando e pescando na lagoa Interlagos, mais conhecida como a lagoa da Pampulha, sem nenhum equipamento de segurança. Crianças sem a noção do perigo que estão correndo embarcam em pequenos botes que ficam suspensos na água com a ajuda de garrafas de plásticos.
Na foto, flagrante de jovens e crianças que usam a chamada lagoa da Pampulha sem observar a lei e sem tomar medidas que possam evitar acidentes graves (foto: Wilson Medeiros)
Não existe patrulhamento no local para impedir a população de usar indevidamente o local, ainda que procurando lazer e se refrescar do calor. Na área, apenas placa instalada pela prefeitura informa que a lagoa é um local proibido para pesca e banho.
RISCO DE MORTE
Um das crianças que usam botes livremente pela lagoa proibida tem apenas oito anos de idade. O garoto falou que usa a lagoa todos os dias, sozinho, sem a ajuda de adultos.
- E eu não sei nadar, mas entro na lagoa com meu barco, que eu mesmo faço – conta, empolgado com a façanha perigosa.
O garoto acrescenta que mesmo não sabendo nadar, embarca no bote e vai na parte funda das águas, sem que ninguém tente impedi-lo.
- Aqui o pessoal é legal – diz, inocente do risco que corre todos os dias.
Como forma de proteção, a criança utiliza apenas duas garrafas de plástico, amarradas por um barbante.
– O bote é fácil de fazer, só preciso de tábua, madeira. Para ele boiar, coloco folha de coqueiro ou de bananeira e amarro nas 20 garrafas, mais alguns pedaços de isopor. Aí, o barco não afunda. Eu não sei nadar, mas mesmo assim entro no bote com algumas garrafas e fico tranqüilo.
SITUAÇÃO DA ÁGUA
O Norte entrou em contato, com José Ponciano Neto, técnico em meio ambiente da Copasa, que adiantou não estar devidamente informado das condições da água do local.
– Fazíamos monitoramento da lagoa, pois caía esgoto dentro dela, mas depois que instalamos os interceptores, não temos mais acompanhado como anda a situação do local, que agora é de responsabilidade da prefeitura. – alega José Ponciano.
O Norte também tentou entrar em contato com a prefeitura, durante dois dias, mas as pessoas responsáveis pelo setor, de acordo com seus assessores, não estavam em condições de falar sobre o assunto.
CUIDADOS
A reportagem também procurou o Corpo de bombeiros e conversou com Wagner Rogério Lopes
- Nossa função no Corpo de bombeiros é a de orientar as pessoas. Passamos pela lagoa da Pampulha diversas vezes para orientar a população, mas o pessoal fica com raiva, não entendendo que esta é a nossa função.
Algumas dicas são fundamentais, de acordo com o Corpo de bombeiros, para evitar tragédias comuns nessa época do ano: evitar nadar sozinho; antes de entrar na água não tomar bebidas alcoólicas; também é recomendável que não se afaste da margem; e usar coletes salva-vidas em locais profundos.
