Samuel Nunes
Repórter
Idealizador e fundador do projeto social Resgatando Vidas, entidade sem fins lucrativos de assistência social que presta orientação a dependentes químicos, Varlon Rosilan de Medeiros Santos, fala da necessidade de investir no amparo a dependentes químicos.
- Faltam políticas públicas que amparem dependentes químicos. É preciso construir um centro municipal de recuperação de usuários de drogas - diz.
Com riqueza de detalhes e demonstrando autenticidade, Varlon disse a O NORTE que, por ser ex-usuário de drogas, sentiu a necessidade de ajudar a quem precisa, inúmeros dependentes químicos de todas as camadas sociais que convivem com o mundo das drogas. Aos 33 anos, casado e pais de três filhas, Varlon revela que durante 14 anos usou maconha, cocaína e crack.
- Comecei a usar drogas aos 13 anos, aos 18 anos usei maconha, isto até os 22 anos, quase que diariamente, com intervalos de dois dias aproximadamente. Aos 23 para 24 anos, chegou em Montes Claros o crack, droga que causa alucinação, traz ansiedade e euforia e gera medo. Durante um ano usei esta droga sobremaneira prejudicial - afirma.
Depois de três anos de relacionamento, entre namoro e casamento, ele teve a iniciativa de contar para a esposa sua dependência de drogas. Naquele período, perdeu a convivência familiar.
- Só fui liberto das drogas devido à parte espiritual. Com droga, sem caráter e sem dignidade; sem a droga, sou um cartão de crédito, um ser humano completo - diz.
Durante o período que viveu no mundo das drogas, Varlon perdeu a convivência social e com sua família, algo que hoje ele preza como primordial. Com senso de missão, lembra que o grande objetivo é a construção de uma sede própria da entidade Resgatando Vidas, que conta com 12 membros na sua diretoria e mais 39 associados.
Ele explica que a entidade realiza profícuo trabalho de reintegração social na penitenciária de segurança máxima de Francisco Sá, com a ajuda da Orgamontes - Organização das associações de Montes Claros.
O presidente da organização, Virgílio Barros, disse que o CNPJ do projeto social Resgatando Vidas está em andamento e que a Orgamontes tem como meta conseguir o arrendamento de um terreno para a construção da sede própria, para que dependentes químicos possam ter atendimento gratuito.
- Infelizmente, a cidade não possui clínica municipal, existem algumas que são particulares. Daí a relevância de se incluir no orçamento do município para 2011 a construção de uma clínica municipal para dependentes químicos. A participação do poder público e das autoridades políticas é fundamental para a solidificação deste projeto - conclui Virgilio Barros.