Buscar soluções para as questões climáticas. Esse é o objetivo do programa Cidades Modelos Verdes Resilientes, uma iniciativa do Governo Federal para enfrentar os efeitos da crise climática por meio de ações sustentáveis locais, do qual Montes Claros irá participar, juntamente com outras 49 cidades.
O programa conta com o apoio do projeto ANDUS (Agenda Nacional de Desenvolvimento Urbano Sustentável), em parceria com os governos do Brasil e da Alemanha, e está alinhado à coalizão internacional CHAMP, que fortalece o papel das cidades na agenda climática global. Foram anunciados R$ 1,6 bilhões anuais do Pró-Cidades e R$ 10 bilhões do Fundo Clima para as ações planejadas.
DIAGNÓSTICOS PERSONALIZADOS
O professor Marcos Esdras Leite, do Departamento de Geociências da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), ressaltou a importância da participação de Montes Claros no programa, destacando que ele permitirá um diagnóstico mais preciso da capacidade da cidade de enfrentar eventos climáticos extremos. Sobre Montes Claros, ele observa um cenário climático dual. “Temos a possibilidade de dois problemas distintos ao longo do ano: chuvas extremas, que podem causar alagamentos, e cerca de nove meses de seca, com risco de desabastecimento. Por isso, é fundamental estudar como a cidade pode se adaptar e ser resiliente a essas mudanças”, explicou.
Ele defendeu que as soluções devem ser pensadas de forma específica para cada município, a partir de diagnósticos locais. “Não existe uma receita geral. Montes Claros precisa avaliar qual infraestrutura é necessária para lidar com os impactos das mudanças climáticas”, afirmou.
Na mesma linha, o engenheiro agrícola Flávio Gonçalves Oliveira, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Verde Grande, vê no programa federal uma chance de direcionar recursos de forma mais eficiente. “A demanda por água cresce junto com a população. Esse programa pode contribuir para que os recursos sejam aplicados com mais objetividade”.
Ele defende como prioridade a ampliação dos parques urbanos e a melhoria do escoamento das águas pluviais. “Montes Claros já investe em novos parques municipais e precisa melhorar a canalização dos córregos para reduzir os riscos de alagamento”, disse. Também destacou a necessidade de obras para retenção de água durante o período chuvoso, como barragens, barraginhas e terraços. “O objetivo é reter a água, recarregar o lençol freático e garantir o abastecimento durante a longa seca”, aconselha.
A Prefeitura de Montes Claros, quando contatada, optou por não fornecer um comentário a respeito da participação da cidade no programa mencionado.