Samuel Nunes
Repórter
samuelnunes@onorte.net
O Norte, na sua edição de ontem destacou as condições desumanas em que estão vivendo algumas famílias no ginásio poliesportivo Tancredo Neves. Em um depoimento marcado pelo desconsolo e, sobretudo pela indignação, uma das vítimas do descaso da prefeitura de Montes Claros ressaltou o sentimento dos seres humanos que ali estão sobrevivendo.
Ao todo, são 33 famílias, que não têm onde morar desde o ano de 2004. A partir do ano de 2004, a Pastoral da Criança tem acompanhado essas famílias no que está ao alcance da entidade. Nos dias 12 e 13 de março do corrente ano, como essas pessoas não tinham para onde ir, devido ser aquele um período de chuvas, foram levadas para o ginásio.
De acordo com o presidente do Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente de Montes Claros, Hildemar Gomes Souza, a entidade recebeu várias reivindicações de inúmeras pessoas devido às crianças que estão alojadas nas dependências do ginásio poliesportivo Tancredo Neves não estarem freqüentando a sala de aula.
- As famílias que estão vivendo no ginásio não têm nenhuma individualidade, pois aquele local não é residência e sim um patrimônio público que está se estragando a cada dia. O que o Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente fez foi encaminhar ao ministério público informações relacionadas a este problema. O ministério público requisitou ao município providencias, cabe ainda à secretaria de Ação Social tomar medidas no sentido de resolver o problema.
CONDIÇOES DESUMANAS
De acordo com Sônia Gomes Oliveira, que trabalha no setor social da Pastoral das Crianças, as famílias que estão abrigadas no ginásio são denominadas de sem-teto e que moravam em um local chamado Cidade de Deus.
Sônia diz que o MST também fez doação de algumas cestas básicas, reiterando que a Pastoral tem contribuído dando orientação, articulando e disponibilizando auxílio no que está ao seu alcance. A prefeitura prometeu algumas doações, mas de acordo com relatos das famílias isto ainda não aconteceu.
- Algumas pessoas que estão alojadas no ginásio trabalham em emprego informal, o que não garante o sustento das suas famílias todos os dias. Há dias em que elas não comem nada.
Na opinião do presidente do Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente, Hildemar Gomes de Souza, se as famílias estão alojadas nas dependências do ginásio poliesportivo é porque a autoridade pública, com poder de decisão, as colocou naquele lugar. – O trabalho do Conselho é providenciar medidas que assistem às crianças ou adolescente em situação de risco. No caso especifico das crianças e as famílias que estão no ginásio, nenhuma medida foi tomada.
SITUAÇÃO GRAVE
Hildemar afirma que falta em Montes Claros políticas públicas voltadas paras as crianças e adolescentes em situação de risco. Ele afirma também que falta na sede do Conselho material de escritório e mais computadores para que seja possível montar o Sistema Integrado do ministério da Justiça.
- Entendo que se nenhuma medida for tomada, a situação tende a se agravar ainda mais. O município tem sido omisso nesta questão. Atendemos por semana mais de 200 casos envolvendo crianças ou adolescentes em situação de risco. Em Montes Claros, são mais de 200 crianças que são vitimas de violências, ou que fazem uso de drogas - conta.
