Naíma Rodrigues
Repórter
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Relatório novo da Onu sobre o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano deu destaque especial para problemas de saneamento. Os políticos falam constantemente sobre os problemas de esgotos, tratamento de água e captação de água, mas se esquecem dos problemas do manejo de lixo. Este problema de tema nacional se tornou uma séria dificuldade para as famílias que convivem próximo ao lixão de Montes Claros.
Após as manifestações realizadas sexta-feira, na porta da prefeitura, com protestos da população montes-clarese contra o lixão da cidade, que não vem obedecendo aos devidos cuidados e a legalizações com o meio ambiente, foi realizada uma reunião com o objetivo de debater o plano de transferência do lixão.
PRESENÇAS
Participaram da reunião Vera Cristina, responsável pela divisão de Saneamento da FEAM – Fundação Nacional do Meio Ambiente, Marilda Tavares da ANAC – Agencia Nacional de Aviação Civil, Cleber Veloso, diretor operacional da Esurb e Guilherme Guimarães, presidente do Instituto municipal de Desenvolvimento.
Representando a indignação da população, a advogada Rita Santiago, João Herculano, proprietário de lote próximo ao lixão, que sofre com o problema há 19 anos, e representando outro proprietário de lote próximo ao local, Felisminio Neto.
25 ANOS DE PROBLEMAS
Rita Santiago, advogada, alega que a prefeitura está infringindo a lei, já que o lixão está atuando de forma ilícita, pois a lei prevê que é necessário uma distancia de 20 km do aeroporto, e o de Montes Claros apresenta somente 10 km.
A advogada Rita Santiago diz que a prefeitura infringe a lei,
porque o lixão funciona de forma ilícita (foto: Wilson Medeiros)
A advogada diz que são necessários tratores para poder realizar o trabalho para comprimir o lixo recolhido e evitar o grande número de urubus que tem aglomerado no local.
- Tem que ser retirado o lixo daquela região, pois caso contrário, aquela região (Sul) de Montes Claros se perderá em meio à degradação da poluição. Há 25 anos nossa cidade convive com este problema – diz Rita Santiago.
PERIGO NO AR
A advogada citou na reunião que de Janeiro a Junho de 2003, ocorreram 80 colisões entre aviões e aves no Rio de Janeiro por conta de lixões próximos às pistas. Rita Santiago disse ainda que esse tipo de acidente pode ocorrer em Montes Claros, já que não estão sendo cumpridas as lei de adequação do lixão, tais como a de distanciamento e de compressão do lixo.
A prefeitura, porém, pretende continuar com o lixão, pelo menos até agosto de 2007. A partir desta data, será realizada uma transformação de lixão para aterro sanitário.
Depois de realizado este processo, será feita a procura de um novo loteamento e isso vai requerer um tempo de 5 a 7 anos para que seja realizada a mudança de terreno.
Vera Cristina explica que será necessário este tempo para poderem ser realizados os exames de estudo do novo local.
- A região Sul de Montes Claros já está perdida, mas será bom para quem vive no local futuramente, já que serão construídas áreas verdes no antigo lixão – diz Vera Cristina.
De acordo com ela, não podem ser realizadas outros tipos de construção que não seja de área verde aberta, devido ao gás que é eliminado pelo solo.
FEZES NO RIO
Segundo João Herculano, pelo menos 16 famílias sobrevivem do uso do rio, que passa a 150 metros do lixão. A água é utilizada para uso pessoal e para irrigação das plantações de alimentos, que são vendidos em Moc.
- A poluição já se infiltrou a terra, porque ela é calcaria e a água infiltra com facilidade e vai se contaminado com muita abrangência. Foram realizados exames pelo Laboratório de Analise de Água, que detectou a presença fezes na água.