Samuel Nunes
Repórter
Revolta e indignação. Estes são sentimentos de quatro famílias que residem na rua Seis, no Distrito Industrial, que tiveram suas casas derrubadas no último dia 8, segundo eles, por pessoas que trabalham na prefeitura de Montes Claros. Afirmam que derrubaram árvores, levaram material de construção, pertences, como documentos pessoais, e eletrodomésticos. Tudo isto, ainda de acordo com os moradores, sem qualquer ordem judicial.
Fotos: Samuel Nunes
José Ivanei Lima: - Eles não dialogaram com os moradores e nem tinham ordem judicial
José Ivanei Lima, autônomo, afirma que, com sua família e outros amigos que também tiveram suas casas derrubadas, está morando de favor, uma vez que não tem para onde ir. Lembra que residia no local há mais de dois anos, sendo que, suaram para construir as casas para que em alguns minutos tudo fosse jogado no chão.
- Reconhecemos que onde moramos era uma área onde não temos documentação dos terrenos, mas o que nos deixou revoltados foi o fato do pessoal da prefeitura não ter qualquer ordem judicial. Eles não dialogaram com a gente. Isto é um absurdo. Vamos procurar nossos direitos – diz.
Também autônomo, José Calixto Souza, que mora aos arredores do local há mais de 25 anos, cobra da administração municipal solução para este problema. Critica ainda o fechamento, pelos homens da prefeitura, da continuação da Rua Seis, que dá acesso a uma torre de uma emissora de rádio AM da cidade. O morador chama a atenção ainda para outro detalhe que diz respeito à derrubada de árvores sem licença ambiental, o que é considerado grave.
- O tempo do coronelismo acabou já faz tempo. A operação realizada com a derrubada das casas foi algo parecido. Eles não tinham qualquer identificação com crachá e muito menos ordem judicial, mas, mesmo assim, jogaram as casas no chão, que os moradores ainda estavam lutando para terminar – descreve.
CAMINHÃO
Jeová Ferreira da Silva, pedreiro, revela que estava trabalhando em outra cidade quando, para sua decepção, chegou e visualizou uma cena que jamais imaginaria: sua casa com três cômodos mais uma banheiro no chão.
- É revoltante. Jogaram os pertences dos moradores em um caminhão da Esurb e ninguém sabe para onde eles levaram as nossas coisas – conta.
Maria Elza Pereira, do lar, lembra que seu filho William Quaresma estava com sua casa em construção. No entanto, o sonho de ver a casa terminada pelo menos momentaneamente parece ter chegado ao fim.
- Meu filho está trabalhando duro para conseguir terminar a casa, mas o suor dele que foi gasto para comprar o material de construção foi para o chão. O pessoal da prefeitura levou ainda cerca de 500 tijolos, ou seja, as casas foram derrubadas e ainda levaram material de construção, fomos lesados – frisa.
NOTA
Em nota, a prefeitura, através da assessoria de comunicação, informou que famílias invadiram terreno do município no Distrito Industrial e que servidores da secretaria de Serviços Urbanos (SSU) prestaram esclarecimentos aos moradores, que deixaram o local logo em seguida. A SSU solicitou que fosse lavrado boletim de ocorrência policial, detalhando o ocorrido e os objetos apreendidos pertencentes a alguns dos invasores. Conforme o secretário João Ferro, da SSU, a medida foi em atendimento à determinação da secretaria de Planejamento, que constatou a irregularidade. Para reaver os pertences, os moradores devem procurar a SSU, à rua Carlos Paulino Cardoso, 401, Vila Exposição, ou ligar para o telefone (38) 3229-3434.