Prefeitura continua negando ajuda a famílias carentes: famílias com abrigo improvisado em ginásio dizem que continuam sendo tratadas como porco em chiqueiro

Jornal O Norte
Publicado em 24/11/2006 às 10:05.Atualizado em 15/11/2021 às 08:44.

Sameul Nunes


Repórter


samuelnunes@onorte.net



O Norte, na sua edição de ontem, destacou as condições desumanas em que estão vivendo algumas famílias no ginásio poliesportivo Tancredo Neves. Em um depoimento marcado pelo desconsolo e, sobretudo pela indignação, uma das vítimas do descaso da prefeitura de Montes Claros ressaltou o sentimento dos seres humanos que ali estão sobrevivendo.






Pastoral está preocupada com as crianças que estão morando no ginásio poliesportivo e não estão freqüentando a escola (foto: Wilson Medeiros)



- É um sentimento de muita indignação com o prefeito. Por conta dele somos tratados como porcos e vivendo em um chiqueiro - diz Antônio José.



A situação de miséria e degradação em que se encontram os abrigados, como ele, confirma o total descaso do poder público com a situação dos mais carentes.



- O prefeito nos jogou aqui, em um lugar sem nenhuma condição de vida digna. Ele demonstra que não tem coração de gente boa, pois não liga para o sofrimento de crianças, jovens e adultos.



AJUDA DA PASTORAL



Ouvida pela reportagem na manhã de ontem, Sônia Gomes Oliveira, que trabalha no setor social das Pastorais da Criança de Montes Claros e também no Comitê de combate à corrupção, conta que as famílias que estão abrigadas no ginásio são denominadas de sem teto e que moravam em um local chamado Cidade de Deus.



- Ao todo são 33 famílias, que não têm onde morar desde o ano de 2004. A partir do ano de 2004, a Pastoral tem acompanhado essas famílias no que está ao nosso alcance. Nos dias 12 e 13 de março do corrente ano, como elas não tinham para onde ir, devido ser aquele um período de chuvas, as famílias foram levadas para o ginásio.



SÓ PROMESSA



Sônia Oliveira diz que a ação social da prefeitura de Montes Claros divulgou que daria uma posição a respeito das condições das famílias ainda quando elas estavam no loteamento, mas, antes de cumprir a promessa, foi dada a ordem de despejo e nada foi feito até o presente momento.



De acordo com ela, apenas alguns colchões foram doados pela secretaria de ação social e que a solução dos problemas vivenciados pelos moradores está sendo protelada.



- Já se passaram nove meses desde que as famílias foram abrigadas no ginásio, e até agora nenhuma solução foi tomada. Só foram feitas promessas.



Outra preocupação de Sônia Gomes Oliveira é quanto às 20 crianças que estão em idade escolar e que não estão tendo acesso à escola devido às atuais condições em que se encontram.



PROPOSTA INVIÁVEL



Segundo Sônia Oliveira, a prefeitura propôs pagar três meses de aluguel para as famílias. No entanto, elas não aceitaram porque passado este período, não teriam as mínimas condições de continuar pagando aluguel.



Sobre a maneira como as famílias estão sobrevivendo no ginásio, Sônia diz que o MST também fez doação de algumas cestas básicas, reiterando que a Pastoral tem contribuído dando orientação, articulando e disponibilizando auxílio no que está ao nosso alcance. A prefeitura prometeu algumas doações, mas de acordo com relatos das famílias isto ainda não aconteceu.



- Algumas pessoas que estão alojadas no ginásio trabalham em emprego informal, o que não garante o sustento das suas famílias todos os dias. Há dias em que elas não comem nada - conclui.

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