Reginauro Silva


Repórter

Um ensurdecedor apitaço anunciou à chegada à prefeitura dos servidores insatisfeitos com o não pagamento do 13º e com a demissão pela Esurb, sem o pagamento dos direitos trabalhistas. Concentrados inicialmente em frente à câmara municipal, eles se manifestavam em microfone do carro de som estacionado do outro lado da avenida.

Por volta das 11 horas, atendendo chamado do vice-presidente Agenor, os servidores tomaram a direção da prefeitura, entrando pela porta da frente e subindo as escadas, até o terceiro andar, onde fica o gabinete do prefeito. Lá estava montada uma barreira formada por guardas municipais, com o capitão Aguilar, da polícia militar, assumindo o papel de mediador. Os manifestantes queriam de qualquer forma falar com o prefeito. Mas eram barrados.

Por ironia, uma frase cunhada em placa de bronze e instalada ali na década de 80, chamava a atenção pelo contraste com a cena presente: “Rogo a Deus para que nenhum prefeito ouse fechar as portas desta Casa para o povo, por mais simples que seja. Luiz Tadeu Leite.”

A presença do motorista de Athos Avelino na porta do gabinete era sinal de que o prefeito se encontrava presente. Mas, após várias tentativas frustradas de uma audiência, o motorista desapareceu, correndo a notícia de que o prefeito saíra pelo elevador privativo, mandando dizer que sua agenda estava cheia e que, portanto, não falaria com a comissão sugerida pela PM e formada por três ex-empregados da Esurb e três diretores do sindicato.

Inicialmente, o presidente do Sindserv, Vicente dos Santos Filho, falou em montar barraca no terceiro andar até conseguir falar com o prefeito. Depois, com a notícia da fuga, os manifestantes foram orientados a descer as escadarias pacificamente e voltar para nova manifestação às 8 horas de sexta-feira. O sindicato espera ser recebido desta vez.

DEPOIMENTOS MOSTRAM O DESABAFO DE CADA UM

Um dos mais exaltados manifestantes é o ex-funcionário da Esurb Mariozan Gonçalves, que dizia estar ali reivindicando o pagamento de seus direitos, como 40% de multa sobre o FGTS, férias e 13º salário proporcionais, horas extras, férias vencidas. Reclama que o prefeito contratou pessoas antes da realização de concurso público e, depois, a Esurb mandou cerca de 700 empregados embora, a partir de abril deste ano.

Cláudio Soares Durães também reivindica direitos não recebidos e uma colocação no quadro da Esurb, já que se diz capacitado pelo concurso realizado meses atrás.

- Nós fomos discriminados, pois, os que vinham das gestões de Tadeu e Jairo tinham direito a apenas meio ponto de vantagem no concurso da Esurb, enquanto os servidores da atual administração, da Transmontes, tinham um ponto e meio – diz Cláudio, que espera reunir outros companheiros para entrar na justiça contra a prefeitura.

Aroldo Pereira Ribeiro diz que foi mandado embora com duas férias vencidas, e nada recebeu, muito menos o adicional noturno:


- Isso aí é uma falta de vergonha, porque quando Jairo estava aqui, a gente recebia tudo direitinho, porque Jairo era um bom prefeito. Hoje, nós não temos valor; tem gente que pega lixo na porta da casa do prefeito há sete anos e foi mandado embora...

Outro servidor que se sente prejudicado é João Melo de Souza, que lembra que, durante a campanha, o prefeito chegou a chorar no setor de obras da Esurb, garantindo que os funcionários estariam garantidos no serviço, o que não aconteceu.

Dona Maria José Saraiva, conhecida como Nenzinha, integra também a turma dos demitidos da Esurb. Ela acha tudo isso um absurdo, dizendo que foi mandada embora antes do concurso, por perseguição política. Dona Nenzinha carrega cópia de uma sentença da justiça de segunda instância, em Belo Horizonte, assegurando os seus direitos, mas diz estar sendo enrolada até hoje pelos advogados da prefeitura e da Esurb. Não recebeu até agora os seus direitos trabalhistas. Perdeu também o PIS-Pasep porque a empresa não depositou a RAIS, como faz todas as outras.

OUTRO LADO

Não é só o prefeito que se recusa a falar com os servidores e a imprensa. Também a Esurb fechou as portas para qualquer tentativa de explicação. Não atente, também, à imprensa, não retornando sequer os telefonemas.

SINDICATO AMEAÇA IMPRIMIR FOLHINHA COM TRAIDORES DOS SERVIDORES

O vice-presidente do Sindserv, Agenor Ferreira, anunciou na tarde de ontem, quarta-feira, que os vereadores que não comparecerem a uma reunião programada para a manhã de hoje, na sede da entidade, vão integrar uma folhinha 2007, figurando como inimigos dos servidores municipais.





- Nós vamos mandar imprimir 10 mil folhinhas com o rosto daqueles vereadores que sempre votaram contra os interesses do funcionalismo e cometeram falcatruas. Essas folhinhas ficarão na casa do montes-clarense até 2008, quando haverá eleições, denunciando os vereadores que votam contra os trabalhadores para bajular o prefeito.

A reunião está marcada para as 10 horas da manhã e os vereadores estão sendo convidados desde a tarde de ontem.