
Durante o feriado de Natal, aqueles que buscaram atendimento no Hospital Municipal Alpheu de Quadros, em Montes Claros, se confrontaram com uma cena descrita como ‘triste e desumana’ pelo empresário Helder Alves Campos, presente para acompanhar um familiar.
Para ele, a escassez de profissionais e a falta de estrutura física são visíveis no hospital, evidenciando lacunas sérias em ambos os aspectos — “Nós sabemos que não é culpa de quem trabalha no local. Eles nada podem fazer, mesmo que queiram. Mas é preciso que a secretaria de saúde e o prefeito tratem urgente dessa situação “, disse.
Helder relata que o familiar que ele acompanhava chegou ao local por volta das 3h30 do dia 25 de dezembro, apresentando garganta inflamada, dor de cabeça e outros sintomas. Somente às 8h ela conseguiu passar pela triagem e recebeu uma pulseira (Protocolo de Manchester) que não correspondia às suas necessidades. Durante esse período, ela precisou deixar as duas crianças em casa sob os cuidados de uma terceira pessoa — “Quando vi que a pulseira estava errada, eu reclamei e ela passou novamente pela triagem para corrigir o erro. Disseram que havia apenas dois médicos para atendimento de adultos e crianças. Tinha muita gente e só conseguimos ser atendidos porque alguns desistiram e foram embora”, explicou, ressaltando que o atendimento foi concluído depois da meia-noite.
A condição das instalações do hospital chamou a atenção e ele registrou a precariedade do espaço. O banheiro masculino está interditado e restou um único banheiro para ser utilizado por homens, mulheres e crianças — “Nesse banheiro que todos usam não existe higiene. Não vi ninguém limpando o local nesse tempo todo que estivemos lá. A porta não tem tranca. É um perigo principalmente para mulheres”, afirmou. Além do sanitário danificado e sujo, os pacientes têm que aguardar deitados em bancos ou no chão, conforme mostra registro feito por ele. “Estava muito quente e havia gente passando mal por isso. Foi um quadro desolador. Com a demora no atendimento e alta temperatura, os pacientes ficam sujeitos a desmaios e queda de pressão pois ficam sem se alimentar por um longo período”, completa o empresário.
REQUERIMENTO
Recentemente, o vereador Wilton Dias (PTB) apresentou um requerimento na Câmara Municipal, solicitando que o Executivo providenciasse lanches para serem servidos no local enquanto os pacientes aguardam a consulta. No entanto, essa solução ainda não foi implementada. O hospital está situado no Bairro Santo Antônio, distante do centro da cidade, e, sem recursos, os pacientes e acompanhantes não conseguem se alimentar enquanto aguardam atendimento
Ao ser contatada, a assessoria de comunicação da prefeitura não forneceu informações sobre a situação até o fechamento desta edição.