Anny Muriel
Repórter
A Apae - Associação dos pais e amigos dos excepcionais de Montes Claros se mobilizou nesta semana, no Centro da cidade, para alertar os candidatos de diversos grupos políticos sobre o olhar para as pessoas com deficiência.
No dia 21 de setembro é comemorado o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência. Segundo a presidente da Apae de Montes Claros, Ana Paulina de Abreu, o objetivo da mobilização é discutir as ações que o governo vem promovendo, dificultando a atuação e muitas vezes inviabilizando a existência de entidades de assistência à pessoa com deficiência.
XU MEDEIROS
Apae se mobiliza para cobrar dos candidatos propostas
de inclusão do deficiente.
- Antes, nós éramos muito reprimidos, não fazíamos alarme para defender os direitos dos portadores de deficiência, seja ela qual for. Hoje, a gente se mobiliza para que os direitos deles sejam garantidos, como, por exemplo, a inclusão na sociedade, pois o que se vê é apenas uma inserção - diz.
A presidente afirma ainda que hoje muitas famílias têm alguém com alguma deficiência, seja física, auditiva, visual ou mental, e que o problema deve ser encarado com muita seriedade para fazer valer os seus direitos como cidadãos, bem como as pessoas comuns.
A dona-de-casa Maria Ivete Fonseca da Silva, 32 anos, ficou paraplégica após sofrer um acidente de moto há dois anos. Ela sofreu uma lesão medular, o que a fez perder os movimentos das pernas.
- Hoje, eu sinto e vivencio a dificuldade de ser cadeirante, pois fiquei deficiente e a acessibilidade para os portadores de deficiência deixa muito a desejar. Não são todos os lugares que têm uma rampa, o que dificulta a locomoção; os ônibus novos, dos poucos que possuem elevador, estão sempre quebrados, é impressionante; e os transpeciais também são poucos, uma vez que a demanda é muito grande, e o uso é destinado apenas para ir ao médico, assim mesmo quando tem vaga. É lamentável a situação do portador de qualquer deficiência. Faltam políticas públicas voltadas para os deficientes - afirma.
Maria Ivete afirma que o fato de ter se tornado cadeirante não a impediu de realizar diversas atividades.
- Hoje, pratico até ginástica numa quadra da escola do bairro. Perguntei ao professor se ele instruía pessoas deficientes também, ele aceitou, e três vezes por semana faço meus exercícios, dentro das minhas limitações, porque ficar em casa reclamando da vida não adianta nada. Eu vivencio meu problema, mas louvo a vida - conta.
Hoje aposentada, Ivete defende a divulgação dos direitos dos deficientes.
- Agora mesmo, no período eleitoral, a classe política deveria olhar com mais atenção para esta classe deficiente. Afinal, graças ao nosso voto é que eles são eleitos, e a gente espera o retorno em ações que nos beneficiem - afirma.
A dona-de-casa Maria Jesus Alves Santos, 60 anos, aposentada, perdeu a visão há 40 anos.
- Eu não sei se foi a velhice que ocasionou meu problema ou outra coisa, sei que as dificuldades são muitas para quem é cego. Eu não ando sozinha, sempre alguém me acompanha; não são todos os lugares que têm alerta sobre algum degrau à frente; enfim, minha bengala e Deus é que me conduzem. Passa ano e vem ano, os políticos só prometem melhorias para o portador de deficiência visual e outras deficiências também, mas hoje já estou decepcionada e desiludida com estes políticos, que só têm interesse mesmo é no nosso voto - conclui.