Samuel Nunes
Repórter
A reportagem de O Norte esteve na tarde da última segunda-feira, 28, na residência da cabeleireira Nilza Ferreira Oliveira Silva, moradora do bairro Renascença, que, diante de dificuldade para atendimento no setor de odontologia-onconlogia do hospital Alpheu de Quadros, procurou a reportagem para tornar público o problema enfrentado não apenas por ela, mas por inúmeros outros pacientes, inclusive, oriundos da zona rural.
A cabeleireira revela que teve câncer de boca e, há três anos e meio, tem se submetido a um doloroso tratamento, que já contou com cirurgia e radioterapia. Lembra que seu quadro clínico é considerado satisfatório e tem tido uma boa recuperação. O contrário, segundo ela, de outros pacientes que tem o mesmo problema e estão totalmente desamparados pela paralisação do atendimento naquele setor.
Observa que está fazendo tratamento em casa mesmo, à base de flúor, sendo que não é de praxe consultórios odontológicos atenderem pacientes com câncer de boca a não ser no setor de odontologia-onconlogia do hospital Alpheu de Quadros e do hospital Santa Casa, que normalmente atendem os casos considerados mais graves.
Ela afirma ainda que pacientes com traquistromia, cirurgias recentes e ainda dreno estão prejudicados com a falta de atendimento no Alpheu de Quadros que precisam de tratamento especializado.
- Estou indignada e na expectativa de que este atendimento volte e com qualidade melhor. Estava disposta a sair da cidade e procurar tratamento em outro local. Procurei então o Conselho Regional de Odontologia, que me indicou o serviço disponibilizado pela prefeitura no Alpheu de Quadros onde, por cerca de um ano, realizei tratamento nesta unidade de saúde. Lembrando que a estrutura ali é pequena para atendimento, sendo que vários procedimentos deixam de ser realizados pela falta de material e equipamento para o dentista desenvolver o trabalho. É válido lembrar que desde o mês de dezembro o tratamento este não é realizado – relata.
Nilza explica que seu tratamento foi à base de irradiação pela boca. Ela luta para manter a saúde bucal em perfeitas condições por meio de consulta, que obrigatoriamente tem a orientação de uma junta médica composta por dois profissionais, médico e mais dentista. Segundo Nilza, seu tratamento e de outras tantas pessoas está comprometido, uma vez que, desde o mês de dezembro de 2010, o setor de odontologia-onconlogia do hospital Alpheu de Quadros, considerado referência no tratamento odontológico de pacientes com câncer bucal, não funciona.
PREVENÇÃO
Nilza Ferreira lembra que este atendimento é extremamente importante, uma vez que é necessário que aconteça o controle de evolução de cárie na arcada dentária. Acrescenta ainda o sistema de prevenção e diagnóstico de câncer que era realizado no Alpheu de Quadros.
Salienta que todos os cuidados necessários devem ser seguidos por quem já teve câncer de boca, sendo que algumas sequelas são comuns como, por exemplo, falta de saliva, uma vez que não há lubrificação na boca, provocando secura, podendo o paciente perder todos os dentes da boca.
- Tem pessoas que têm o mesmo problema que tenho e, infelizmente, não têm mais o dom da fala. Sou grata a Deus porque estou falando e me comunicando normalmente e botar a boca no trombone assim como fazia o senhor prefeito fazia na rádio. Estou indignada com esta situação e espero que seja resolvido logo o problema de atendimento para pacientes com câncer bucal – frisa.
NOTA
Em nota, a prefeitura de Montes Claros informou que o atendimento no hospital Alpheu de Quadros, bairro Santo Antônio, é no setor primário. O trabalho de estomatologia e oncologia bucal é realizado na policlínica Ariosto Corrêa Machado, no Jardim Alvorada.