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Polícia Civil de MOC realiza ‘Café sem Preconceito’

Iniciativa visou promover um diálogo aberto sobre o Dia Nacional da Consciência Negra

Leonardo Queiroz
leonardoqueiroz.onorte@gmail.com
Publicado em 19/11/2024 às 19:00.
Da esquerda para a direita: Ailton da Guia, conselheiro de Juventude; Rodrigo Rocha, mediador e escrivão de Polícia; e o professor Antônio Alvimar Souza (Leonardo Queiroz)

Da esquerda para a direita: Ailton da Guia, conselheiro de Juventude; Rodrigo Rocha, mediador e escrivão de Polícia; e o professor Antônio Alvimar Souza (Leonardo Queiroz)

Na última terça-feira (19), a Polícia Civil de Montes Claros, por meio do 11º Departamento e da 1ª Delegacia Regional, realizou a primeira edição da Roda de Conversa “Café sem Preconceito”, em homenagem ao Dia da Consciência Negra. O evento ocorreu no prédio da 11ª Região Integrada de Segurança Pública (RISP). O evento reuniu representantes locais de destaque, incluindo educadores, ativistas, e conselheiros municipais.

A iniciativa teve como objetivo fomentar um diálogo aberto e construtivo sobre o Dia Nacional da Consciência Negra, proporcionando um espaço para reflexão e discussão sobre questões como racismo, discriminação, igualdade social e a representatividade negra na sociedade.

A roda de conversa iniciou com o professor da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) Antônio Alvimar que enfatizou a importância da data — “Pensar nesta data é uma questão fundamental para pensarmos no dia de hoje que é revisitar o passado no sentido de perceber as nossas dores que são fundamentais para compreender a nossa história, nossas raízes e quem somos”, diz. 

“Uma das grandes questões que temos no Brasil é olhar para nós mesmos para nos reconhecermos enquanto povo preto, enquanto povo negro. Essa é a primeira tarefa e talvez seja uma das grandes questões que temos dificuldade de fazer porque somos impedidos pela névoa da dor, da vergonha, do ressentimento que permeiam e perpassam a nossa vida. É voltar à nossa cultura para que sejamos capazes de recuperar aquilo que é fundamental: a nossa ancestralidade. Aí somos capazes de reconhecer que nossa história não é de vergonha, mas porque estamos vivos e resistimos até hoje”, completa o professor. 

O conselheiro de Juventude do Conselho Municipal de Promoção de Igualdade Racial, Ailton da Guia, explicou que momentos como esse são importantes e que acredita que os espaços de segurança pública precisam se abrir para as questões relacionadas ao racismo. “Precisamos dar atenção às questões de letalidade contra a população negra e refletirmos a maneira como a sociedade vem se construindo ao longo dos tempos e procurar fazer parte dessas políticas de promoção de igualdade e de reparação social em relação à população negra”, comenta. 

A docente no ensino médio e no curso de Direito do Centro Universitário Funorte, Wyara Fonseca, que participou do evento, explicou que estamos todo o tempo tentando criar uma consciência. “A sociedade que nos ensina tantas coisas boas também nos impõe padrões de conduta que são às vezes contrários àquilo que nos conduz dentro dos nossos princípios éticos e morais. E aqui está o nosso papel relevante de atuar como fazer a diferença. E nós podemos fazer essa diferença. Não vamos mudar o mundo, não vamos mudar os preconceituosos que vão sempre existir, mas vamos fazer a diferença naquilo que nos é permitido e que está próximo de nós. Esse é o nosso papel, essa consciência de cuidar do outro com amor”, diz. 

Outro assunto abordado durante a roda de conversa foram as cotas sociais atribuídas às pessoas negras. O conselheiro Ailton da Guia completou a sua fala expressando a importância da necessidade de não somente a inserção no espaço de poder, mas na permanência nesses espaços. “Penso e defendo a questão da cota, mas luto para a sociedade entender em manter as pessoas pretas nas universidades, nos espaços de educação e que as pessoas produzam culturas de permanência para que essas pessoas permaneçam nesse lugar”, finaliza o conselheiro.

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