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Quinta-Feira,18 de Setembro

Perigo aviário será tema de seminário em Montes Claros

Jornal O Norte
Publicado em 11/10/2006 às 10:04.Atualizado em 15/11/2021 às 08:42.

Fábio Oliva


Colaboração a O Norte



O perigo que a proliferação de urubus e outras aves nas proximidades do aeroporto de Montes Claros está acarretando para a aviação será tema de seminário. O assunto será debatido por especialistas da FAB - Força Aérea Brasileira e do Comando da Aeronáutica, com autoridades dos poderes executivo, legislativo e judiciário do município.



O seminário será promovido pelo Aeroclube de Montes Claros, e terá a participação de técnicos do Cenipa - Centro nacional de investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos sediado em Brasília-DF, e do SIPAAR - Serviço de investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos sediado no Rio de Janeiro-RJ.



PERIGO



O presidente do Aeroclube de Montes Claros, comandante Jorge Lúcio, explica que em todo o mundo, aviões de variados tipos e tamanhos já foram derrubados e centenas de pessoas, entre tripulantes e passageiros, já perderam a vida devido às colisões entre aviões e aves.



No Brasil, algumas das 341 colisões reportadas ao Cenipa no ano passado quase levaram à queda das aeronaves atingidas. Como, mundialmente, os especialistas estimam que apenas uma em cada cinco colisões são reportadas às autoridades aeronáuticas, o Cenipa acredita que, no Brasil, as estatísticas estariam em torno das 1 mil colisões anuais.



MONTES CLAROS



Em Montes Claros, apenas duas ocorrências do tipo foram observadas, sem maior gravidade.



- Mas na cidade o número de aves próximas aos cones de aproximação dos aviões está crescendo muito, e não devemos esperar que um acidente grave aconteça, para só então tomarmos providências. Precisamos nos antecipar - alertou.



Segundo o coordenador da Comissão de controle do perigo aviário no Brasil, capitão Flávio Antônio Coimbra Mendonça, considerado uma das maiores autoridades brasileiras no assunto, e que será um dos participantes do seminário, o panorama brasileiro é preocupante. Ele elogiou a iniciativa do Aeroclube de Montes Claros de tomar a dianteira no caso do perigo aviário na cidade.



- A presença de aves, com destaque para os urubus, é uma constante nas imediações da maior parte dos aeródromos nacionais.



Sabidamente, em sua maioria, as colisões de aviões e aves são o desfecho previsível do inadequado e indevido uso do solo no entorno dos aeroportos.



ÁREA DE SEGURANÇA



Coimbra observa que uma resolução do Conama - Conselho nacional do Meio Ambiente proíbe a implantação de atividades atrativas de aves dentro da ASA - Área de Segurança Aeroportuária. Esta área compreende um círculo com raio de 20 quilômetros em torno dos aeródromos que operam sob condições de vôo por instrumento, e de 13 quilômetros, para os que operam sob condições de vôo visual, como é o caso de Montes Claros. Apesar disso, muitos aeroportos ainda têm em suas proximidades focos de atração de aves, com destaque para lixões e abatedouros.



Trabalho de pesquisa realizado pelo presidente do Conselho Desportivo do Aeroclube de Montes Claros, Fábio Oliva, mostra que há grande deficiência por parte dos setores que deviam se encarregar da fiscalização.



- O maior problema é a falta de informação. Exemplo disso é a aprovação do funcionamento de uma empresa de reciclagem de ossos para fabricação de ração, instalada há poucos quilômetros do Aeroporto de Montes Claros, dentro da Área de Segurança Aeroportuária – diz, acrescentando que o local é repleto de urubus.



- As aves são atraídas pelo mal cheio e pelos restos de carne putrefata incrustada nas carcaças.



A maior parte das colisões entre aviões e aves são registradas em fases do vôo que acontecem dentro (decolagem, pouso, corrida de pouso ou corrida de decolagem) ou próximo dos aeroporto (aproximação e descida). “São momentos críticos, que exigem absoluta concentração dos pilotos”, explicou Fábio Oliva. Neste momentos, o piloto divide  sua atenção em manter o avião alinhado com o eixo da pista e a leitura dos instrumentos que indicam a velocidade, razão de descida. “Um fato inesperado, como a colisão com uma ave, em uma dessas fases do vôo, pode provocar anormalidade em questão de segundos, em muitos casos impossibilitando o piloto de esboçar qualquer reação”, assinalou.



A resolução do Conama não é o único balizador da questão. Ela veio ampliar a ingerência na destinação do solo além dos limites das Zonas de Proteção de Aeródromos e Auxílios à Navegação Aérea, estabelecidas por portarias do Comando da Aeronáutica. “Legislação que trata do assunto existe. Mas é preciso fazer com que seja cumprida”, destaca o diretor do Aeroclube de Montes Claros. A gravidade do problema é tão grande, que ensejou a criação de um trabalho específico, o Programa de Controle do Perigo Aviário no Brasil (PCPAB). O programa será divulgado em Montes Claros durante o seminário que será realizado durante a Semana da Asa 2003, e baseia sua atuação em quatro pilares: reuniões para busca de soluções, emissão de pareceres técnicos, atividades educativas como palestras e cursos, e divulgação do perigo aviário, através de cartazes e seminários.

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