
A Polícia Civil de Montes Claros concluiu a investigação do feminicídio de uma jovem de 20 anos, ocorrido na noite de 17 de janeiro. A vítima foi morta pelo ex-namorado, de 22 anos, no supermercado onde trabalhava. O crime foi planejado e executado com violência.
Conforme as investigações, o autor chegou ao estabelecimento por volta das 21h50 em um carro de aplicativo e observou a vítima antes de se aproximar. “Ao notar sua presença e perceber que ele estava armado com uma faca e uma pistola, a vítima tentou fugir, correndo pelos corredores do supermercado por cerca de dois minutos antes de ser alcançada e brutalmente atacada”, explicou a delegada responsável pelo caso, Francielle Drumond.
A necropsia revela que a vítima sofreu 15 facadas e faleceu por choque hipovolêmico. O suspeito, ex-namorado da jovem, foi preso em flagrante com uma faca e uma pistola de airsoft, usada para simular arma real, após crime que durou cerca de dez minutos. A delegada destacou que a arma falsa foi escolhida para evitar intervenção de terceiros.
O autor alegou que o crime foi motivado por uma suposta traição, mas a investigação apontou que o feminicídio ocorreu devido ao ciúme excessivo. O relacionamento, que durou três meses, terminou em novembro de 2024, quando a vítima foi agredida pelo ex ao sair do supermercado acompanhada de um colega de trabalho. “O agressor a empurrou, derrubando-a no chão, e também agrediu e ameaçou o colega, motivando assim a vítima a terminar o namoro”, informou Drumond.
A mãe da vítima relatou que o comportamento controlador do agressor se intensificou após a jovem começar a trabalhar no supermercado. Testemunhas confirmaram que ela sabia que estava em perigo. Dois dias antes do crime, entregou a senha do celular a uma amiga e deixou uma carta de despedida para a mãe, encontrada três dias após o feminicídio. No documento, a jovem expressava o temor de ser assassinada.
Além disso, uma amiga próxima chegou a dar de presente para ela um canivete para defesa pessoal. “Apesar das agressões e ameaças, a vítima nunca procurou a polícia, não registrou boletim de ocorrência nem solicitou medidas protetivas, pois temia que o agressor se tornasse ainda mais violento”, informou a delegada.
“Após o ataque, uma médica e uma estudante de medicina que estavam no local tentaram prestar socorro, mas os ferimentos foram fatais. O autor, ao ser interrogado, confessou que premeditou o crime e agiu por ódio, sem demonstrar arrependimento. Testemunhas afirmaram que, no momento do ataque, ele não disse nenhuma palavra”, contou a delegada.
O inquérito foi encaminhado à Justiça e está à disposição do Ministério Público, que poderá apresentar a denúncia ou solicitar diligências adicionais. O autor foi indiciado por feminicídio, crime que desde outubro de 2024 é considerado autônomo e prevê pena de 20 a 40 anos de prisão.