Um patrimônio histórico de Montes Claros está prestes a ruir. O Sobrado dos Telles e Menezes, construído em 1885 e tombado pelo patrimônio municipal, foi interditado pelo Corpo de Bombeiros. O imóvel está inclinado, com risco iminente de desmoronamento.
Segundo o boletim de ocorrência feito pela corporação, a queda do imóvel pode ainda “comprometer a estrutura das residências vizinhas”.
O sobrado localizado na rua Justino Câmara, 93, pertenceu ao coronel Celestino Soares da Cruz, ex-presidente da Câmara Municipal de Montes Claros. Destaca-se no conjunto histórico por guardar características do período colonial.
De acordo com o Sistema Integrado de Defesa Social do Corpo de Bombeiros, tão logo se constatou a precariedade da edificação, foi feita tentativa de contato com a Defesa Civil de Montes Claros, mas sem sucesso.
O veterinário e professor aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Eduardo Gomes, que mora ao lado do sobrado, também tentou, por várias vezes, acionar a Defesa Civil Municipal. Depois de não conseguir, ligou para os Bombeiros.
“De quinta para sexta e de sexta para sábado escutei barulhos, estalos. Mas foi mesmo no sábado à tarde que observei que as janelas estavam abertas e apareceram rachaduras que não existiam”.
No imóvel, um dos mais belos do centro histórico, os militares orientaram um dos herdeiros do sobrado, Waldir Telles Meireles, que vive em um barracão no fundo do casarão, a não entrar na área isolada.
Durante a vistoria, os bombeiros constataram que o prédio de dois pavimentos, feito de madeira e tijolos de adobe, “apresenta várias rachaduras e desgaste nas estruturas, além de queda parcial do reboco”.
Os militares informaram que a “prefeitura tem conhecimento da situação, mas que a compra e reforma do imóvel foram interrompidas com os herdeiros (de Francisco Telles de Medeiros) por força de decisão judicial”.
Os herdeiros já receberam várias propostas para venda do casarão e sempre recusaram os valores oferecidos. Ao mesmo tempo, como o bem está em espólio, não foi realizada a devida manutenção.
“Apesar de minha casa ser muito bem construída, eu tenho receio que venha ser afetada pelo possível desabamento. Pode nos causar um prejuízo muito grande, e quem vai pagá-lo? Por que a Prefeitura está sabendo e não toma providência?”, questiona Eduardo Gomes.
O coordenador Municipal da Defesa Civil, Eduardo Marques, informou que já foram feitos vários laudos do imóvel, mas que não tem o que ser feito. Segundo ele, o diálogo com os proprietários tornou-se inviável.
Um dos herdeiros, Waldir Telles não permitiu documentar as condições internas do sobrado. Ele negou escutar barulhos de pedaços de telha e reboco despencando, mas reconheceu que foi alertado pelo Corpo de Bombeiros.
Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, o escritor Dário Teixeira Cotrim, ex-presidente do Conselho do Patrimônio Público de Montes Claros, lamenta a situação do imóvel. “O prédio está caindo e ninguém faz nada”, disse, indignado.
(MANOEL FREITAS)
(MANOEL FREITAS)