Passagem 20 centavos mais cara: Transporte coletivo urbano de Montes Claros reajusta tarifa mesmo sem nenhuma melhoria no serviço e contra determinação do Ministério Público

Jornal O Norte
Publicado em 12/04/2011 às 10:18.Atualizado em 15/11/2021 às 17:25.

Samuel Nunes


Repórter



Contrariando a recomendação do Ministério Público, começou a vigorar no domingo, 10/04, a nova tarifa do transporte coletivo urbano de Montes Claros, que passou de R$ 1,90 para R$ 2,10. O aumento representa 9,5% a mais no bolso do trabalhador. Quem pega quatro ônibus por dia e gastava R$ 197,60 por mês, com o aumento, terá que desembolsar R$ 218,40.



Fotos: Samuel Nunes


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População considera aumento injusto



No site da prefeitura, a justificativa do aumento foi de que a passagem é uma das mais baratas do Estado. O aumento foi definido depois de análise por parte de técnicos da Empresa Municipal de Planejamento e Trânsito de Montes Claros (McTrans), com base em estudo denominado GEIPOT, metodologia nacional criada pela Empresa Brasileira de Planejamento e Transportes. 



Apesar da tentativa de tentar convencer a população sobre a necessidade do aumento, os usuários parecem não estar muito satisfeitos com os vinte centavos na tarifa.



Roberto Lopes Ferreira, vendedor, afirma que pela péssima qualidade do serviço disponibilizado pelas empresas à população, o valor justo da passagem deveria ser de R$ 1,50.



- Ônibus completamente lotados, demora de até quarenta minutos nos pontos, estes são alguns dos problemas que enfrentamos. Como presente de grego, ganhamos este aumento, que é uma vergonha - desabafa.



A estudante Érika Alkimim também reclama da demora que, de acordo com ela, é um problema que acontece há anos sem que nenhuma providência seja tomada pelo poder público municipal. A vendedora Terezinha Souza Lopes disse que foi apanhada de surpresa com este novo aumento, que, também, em sua opinião, é injusto diante dos inúmeros problemas existentes no transporte coletivo urbano.



- O valor de R$ 1,90 deveria continuar, pois pode parecer que vinte centavos sejam insignificantes, mas no final do mês, juntando tudo, a diferença no nosso bolso é considerável - observa.



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Roberto Lopes Ferreira: o valor justo da passagem deveria ser de R$ 1,50.



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Terezinha Souza Lopes disse que foi apanhada de surpresa com o novo aumento






SUPERLOTADAS



A estudante Welida Gomes também demonstrou sua insatisfação com o aumento da passagem e critica a qualidade do serviço, principalmente a superlotação nos horários de grande movimento, que se compreende no início da manhã e nos fins de tarde.



- A passagem poderia ser de até R$ 2, 50, mas só se o serviço oferecido fosse de qualidade, o que infelizmente não é. Nos pontos de ônibus, à noite, o perigo é constante, pois são poucas as pessoas nos pontos e uma demora considerável dos lotações - afirma.



Nilda Soares Salgado, salgadeira, afirma que se por ventura um lotação quebra, não há reposição do carro, o que demora ainda mais tempo de espera nos pontos. Critica ainda as péssimas condições dos assentos, danificados, muitos sem identificação. Nos bairros, acrescenta-se a isto, de acordo com ela, a falta de cobertura nos pontos onde tanto no sol como no período chuvoso o usuário do transporte fica em demasia prejudicado.   



A aposentada Maria Silva Fonseca apesar de não pagar lotação, criticou o aumento que para ela é injusto, isto, pelos vários problemas enfrentados diariamente pelos usuários, como ônibus superlotados, poucas linhas em determinados bairros e a demora excessiva nos pontos de ônibus.   


 



MINISTÉRIO PÚBLICO



O Norte, no dia 18 de março, reproduziu nota do Ministério Público quanto ao parecer técnico-contábil, este indica que corrigindo algumas incorreções detectadas na planilha elaborada pela empresa pública municipal, o valor considerado justo da passagem seria de R$ 1,976 e não como R$ 2,125 como foi informado pela MC Trans à época. Em suas considerações, o MP chama atenção ainda para distorções detectadas na planilha da MCTrans pelo impacto delas decorrente na majoração do valor tarifário.



- Não é preciso nem sequer ser técnico no assunto para perceber que a superestimativa de quilometragem mensal média, aliada à subestimativa do número mensal de passageiros pagantes, impacta sobremaneira na planilha de cálculos, elevando artificialmente o valor tarifário – relatou, na época, o promotor Felipe Caires.



O promotor afirmou, na oportunidade, que não bastassem as referidas incorreções na planilha apresentada pela MCTrans que, segundo ele, são surpreendentes e até mesmo destoantes, o parecer técnico detectou ainda outras incongruências como, por exemplo, cálculo inadequado de depreciação de frota, utilização de coeficiente de consumo de combustível distinto daquele previsto no edital, aumento exagerado do pró-labore da diretoria e aparente subestimação da receita com publicidade.


 

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