Pais denunciam professoras

Docentes são acusadas de agredir alunos física e psicologicamente; casos são apurados pela Polícia Civil

Christine Antonini
O Norte - Montes Claros
Publicado em 23/08/2018 às 05:27.Atualizado em 10/11/2021 às 02:03.
 (REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS)
(REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS)

Três professoras da rede estadual são acusadas de agredirem os alunos fisicamente e psicologicamente. As denúncias foram feitas pelos pais dos estudantes. Em uma das situações, as agressões foram confirmadas através de um áudio gravado durante a aula. Os casos estão sob investigação na Polícia Civil. 

Segundo relatos de mães de alunos da Escola Estadual Quita Pereira, desde o início deste mês os filhos estavam chegando em casa assustados. Eles disseram a elas que a professora principal do 1° ano costumava colocar apelidos na turma, além de falar palavras agressivas e fazer bullying.

Uma das mães procurou a direção após o filho contar que a professora o chamava de “Zé Bonitinho”. Mesmo após a reclamação, a profissional continuou a lecionar na classe. Em outro episódio, a educadora teria dado um tapa no braço de uma aluna –mais uma vez a diretoria da escola foi acionada e nenhuma medida foi tomada. 

Após vários relatos das agressões cometidas pela professora, as mães resolveram colocar celulares nas mochilas dos filhos com o gravador ativado. A intenção era averiguar o que estava acontecendo dentro da sala de aula.

No dia da gravação, a professora principal teve que se ausentar da sala por algum tempo e a substituta ficou no lugar –ela também foi agressiva com os alunos. 

“Meu coração doeu ao escutar meu filho pedir para sentar na frente porque não estava enxergando e a professora chamar ele de chato. Ele ainda repetiu que não estava vendo direito do lugar que estava. Meu filho tem 6 anos e usa óculos. Então escutei ela dizendo: ‘moço, se você fosse meu aluno, eu ia esganar essa garganta sua. Não tenho paciência pra menino besta não’. A partir daí, não se ouve mais a voz de meu filho. Ele me contou que ficou com muito medo dela. E que ficou amuado na sala”, pontua Patrícia Marinho, que registrou um boletim de ocorrência.

Patrícia também procurou a direção da escola e a Superintendência Regional de Educação. Ela conta que a professora foi chamada à diretoria, mas que não expressou nenhuma emoção ao ouvir o áudio. 

“A sala possui 26 alunos, apenas cinco continuam frequentando as aulas. Não vamos deixar nossos filhos nas mãos de uma profissional como esta. Meu filho está fazendo xixi na cama de medo, não quer dormir longe de mim e muito menos voltar para a escola”, diz. 

Na gravação também é possível ouvir a professora fazendo ‘brincadeiras’ com cunho sexual. 
 
ESCOLA DR. JOÃO
Renata Macedo também fez um boletim de ocorrência contra a professora do 3° ano da Escola Estadual Dr. João Alves. Segundo ela, a filha de 8 anos, que é autista, chegou em casa com o braço todo roxo. 

“Há algumas semanas meu marido foi à escola buscar satisfações sobre a garrafinha de água da nossa filha, que sempre chega quebrada. Eles discutiram. Em casa ela usa copos e pratos de vidro e não deixa cair. Achamos estranho sempre a garrafa dela quebrar. Nesta segunda-feira, poucos minutos depois de deixá-la na escola, a professora ligou dizendo que minha filha estava em crise”. 

Renata conta que é comum a menina morder o braço quando tem crise. Mas as marcas não parecem de mordida. O caso será investigado.

Em nota, a Secretaria de Estado de Educação informou que a Superintendência tomou conhecimento do caso da Quita Pereira, mas que nenhuma denúncia formal foi protocolada. A nota ainda diz que hoje inspetores irão visitar a escola e tomar as devidas providências.

Em relação ao Dom João, a secretaria pontuou que ainda não houve nenhuma denúncia formal, mas que após a matéria de O NORTE, a inspeção entrará em contato com a direção da unidade escolar para apurar o caso relatado.

NOTA
Em nota a professora da Escola Estadual Dr. João Alves afirmou que na ocasião a aluna se encontrava muito irritada e que no horário da aula de educação física apresentou um alto grau de agressividade, se debatendo e mordendo, e que precisou da ajuda de outros servidores para conte-la. Ainda de acordo com a professora, a aluna apresenta no laudo médico, quadro de autismo severo associado a alterações cognitivas grave. Afirmou que o comportamento agressivo da aluna é constante, mas que não havia acontecido com tamanha intensidade.

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