Paula Machado


Repórter

O bairro Vila Campos continua passando despercebido aos olhos da prefeitura. Os moradores têm que conviver com o descaso e as dificuldades que assolam o local. Esgoto a céu aberto, falta de transporte, falta de asfalto e água são alguns dos problemas, além da poeira e da sujeira. Moradores como dona Damiana Maria de Jesus, de 63 anos de idade, convivem com essa realidade assustadora. Ela que mora em um barraco com seu marido, sua filha e seus quatro netos, reclama do péssimo estado em que sua casa se encontra e das dificuldades que enfrenta.

Dona Damiana emocionada mostra suas latas


e sua dispensa vazia (fotos: XU MEDEIROS)

- Nós conseguimos a água através do chafariz que abastece todo o bairro. Mas só há água até às 10 da manhã, após esse horário a água acaba. Na minha casa surgiu uma rachadura enorme. Tivemos que dar um jeito, pois se perdêssemos a casa íamos ficar sem lugar para morar – diz ela.

Mas a situação piora ainda mais em época de chuva. Segundo ela a água entra nas casas e as ruas de terra viram ruas cheias de lama, o que torna a passagem das pessoas ainda mais difícil.

- Quando chove as ruas ficam só a lama, o que atrapalha andar por elas e levar as crianças à escola. E quando chegam estão imundas por causa da poeira e da lama – revela ela.

A escola a que dona Damiana se refere é a única do bairro, que atende crianças da primeira a oitava séries do ensino fundamental.

Moradores do Bairro Vila Campos abastecem seus baldes


em um único chafariz que fornece água no meio da lama

Mas além de todas as dificuldades do local, os moradores, como a família de dona Damiana, enfrentam problemas financeiros. Dona Damiana, por exemplo, vive por meio de doações e da boa vontade das pessoas.

Desempregada e doente recebe doações de roupas e alimentos. Ela recebe o bolsa família no valor de R$ 75, mas que não chega nem de perto a resolver a dramática situação em que ela e sua família vivem. Esteve internada há 15 dias no hospital por início de pneumonia, ainda tem que conviver com a cegueira de um olho e com a asma. Emocionada, conta que sua luz foi cortada por falta de pagamento.

- Meu menino é quem sempre paga minha conta de luz. Mas nesse mês não deu. Ele recebe pouco, um salário só e tem que arcar com as despesas dele e comigo. Eu choro porque não tenho condições de ajudá-lo a pagar. A conta vem cara, na faixa de 120 a 140 reais – desabafa dona Damiana.

Quando perguntada se já havia passado fome ela respondeu que não, mas que morre de medo de passar fome um dia e diz ainda que está passando por várias necessidades, mas que todo mundo sabe como a fome dói.

No bairro, apesar de ser humilde e de todos não possuírem condições, sempre que podem ajudam uns aos outros.

Outro problema que deveria ser solucionado, e que deveria ser prioridade já que o prefeito da cidade é formado na área de saúde e sabe da importância dela para os cidadãos. Os moradores da Vila Campos quando precisam de tratamento médico têm que procurar o posto de saúde do São Judas para ver se conseguem uma vaga para o atendimento. Lá é preciso chegar cedo e às vezes até dormir no posto para se conseguir uma ficha para atendimento. E quando conseguem não significa que serão atendidos na mesma hora ou no mesmo dia, o atendimento pode ser até para duas semanas ou mais após a entrega da ficha.

Para ela não adiantam promessas, mas sim o cumprimento das mesmas. Não é só conquistar o voto do povo e encher os bolsos como ela diz, tem que entender e solucionar os problemas da população. Os moradores do bairro confirmam quando dona Damiana diz que o prefeito nunca visitou a comunidade, nunca se interessou por seus problemas e nunca elaborou projetos para melhorar a condição de vida deles.