Samuel Nunes
Repórter
samuelnunes@onorte.net
O Norte ouviu na manhã da última terça-feira, o coordenador e vocalista do grupo hip-hop Missionários Mcs e Império Santa Rita Manoel Messias Bispo.
No detalhe, Manoel Messias, que conta ser ex-dependente de drogas e ex-presidiário - e que encontrou no hip-hop uma alternativa digna de vida (foto: Wilson Medeiros)
O grupo conta atualmente com mais três integrantes: Warley, Coca e Pedro. Na oportunidade, ele contou sobre as dificuldades enfrentadas em Montes Claros pelo grupo e as necessidades de mais apoio, especialmente da classe empresarial, no sentido de ajudar financeiramente para que tenham possibilidade de propagar cada vez mais a cultura hip-hop no município.
DE QUE É FORMADO O HIP – HOP
A cultura hip hop é formada pelos seguintes elementos: o rap, o graffiti e o break.
Rap - rhythm and poetry, ou seja, ritmo e poesia, que é a expressão musical-verbal da cultura. Outro componente forte desta cultura é o Graffiti, que representa a arte plástica, expressa por desenhos coloridos feitos por grafiteiros, nas ruas das cidades, espalhadas pelo mundo. Por último, o Break dance - que representa a dança. Estes três elementos juntos compõem a cultura hip hop.
De acordo com Manoel Messias Bispo, a cultura hip-hop se inspira na podridão do sistema e manifesta ainda o sofrimento da periferia. Ele afirma ainda que o hip hop seria a única forma da periferia, dos guetos expressarem suas dificuldades, suas necessidades e também de todas as classes excluídas.
- Passamos uma mensagem para que os jovens, em especial, não se envolvam no mundo do crime. Esta mensagem é sempre positiva - diz.
HIP-HOP X PRECONCEITO
Em um país onde o preconceito racial ou mesmo de classe social ainda existe os praticantes do hip-hop também sofrem deste tipo de descrédito por parte de muitas pessoas. Manoel Messias lembra que isto acontece não somente em Montes Claros, mas em todo o Brasil. Ele conta que, em relação ao preconceito o hip-hop vai à ferida e mostra a realidade do que acontece de fato no seio da periferia de uma cidade. Ele desabafa ao dizer ser comum o fato de as pessoas darem importância a um livro a partir de sua capa, e que o mesmo acontece com o hip – hop, quando alguns julgam os integrantes desta cultura pela aparência.
MÚSICA
Manoel Messias declara que as músicas cantadas por eles em apresentações procuram nas suas letras, retratar a realidade vivenciada por eles. Com orgulho e alegria no semblante, ele cita o refrão de uma das músicas: - Nós aqui enjaulados, indignados, agora estamos ligados que a liberdade vale à pena. Vivemos no veneno, o crime não compensa.
Ele afirma que a trilha sonora desta música está no primeiro cd - que tem 16 músicas compostas por ele seus companheiros. Outra música é: Montes Claros minha área, composta por Manoel Messias em 1998.
- Parte desta música fala sobre as drogas e os seus riscos, alerta a juventude para não se envolver com a mesma.
Ele diz que alguns projetos voltados para o graffite em escolas públicas da cidade estão sendo realizados com crianças e jovens. Manoel Messias afirma também que neste dia 12 de outubro uma amostra do trabalho do grupo vai ser apresentada na sala Geraldo Freire, a partir das 14 horas.
VAQUEJADA
Outra participação do grupo vai ser na 1º vaquejada de Montes Claros, que acontecerá no próximo final de semana no parque de exposições João Alencar Ataíde. Manoel Messias garante que esta é uma grande oportunidade que surgiu, pois na vaquejada o primeiro DVD do grupo Missionários e Império Santa Rita será finalmente gravado.
- Vamos apresentar músicas voltadas para a nossa cultura, danças de rua e ainda exposições de graffite, que é onde mostramos a nossa arte plástica. A apresentação vai ser no domingo a partir da meia noite e terá duração de duas horas. Nós esperamos que os amantes e simpatizantes do hip - hop possam nos prestigiar no parque de exposições, pois as pessoas terão a oportunidade de conhecerem um pouco mais os nossos trabalhos - conclui.