POR NAIRLAN CLAYTON BARBOSA

Monumento que remete à origem do povoamento de Montes Claros e do Norte de Minas, o Chinelão dos Tropeiros ainda não tem previsão para ser recolocado num espaço público da cidade. Há uma campanha maciça de dois anos pra cá, inclusive nas redes sociais, para a reinstalação da obra de arte - de preferência no Trevo do Aeroporto, onde foi inaugurado ainda nos anos 60 por seu criador, Konstantin Christoff.

Segundo o historiador Wanderlino Arruda, em 1960, a cidade tinha muitas características rurais e por isso o artista plástico resolveu homenagear a memória dos tropeiros.

- O primeiro Chinelão foi muito bem feito. Ficava suspenso no meio de três pedras. Era um verdadeiro cartão de visita para quem chegava a Montes Claros, por meio do Aeroporto Mário Ribeiro da Silveira. Porém, a ação dos vândalos, com o passar do tempo, desgastou a escultura. Foram arrancadas as correias deixando apenas uma laje suspensa sem nenhum significado histórico ou cultural. Perdeu-se no tempo – explica Wanderlino.

Durante muito tempo, o local do chinelão ficou vazio, sem nada que representasse o monumento da praça da entrada do Aeroporto. Em 1994, Konstantin Christoff reuniu alguns amigos e deu início a construção de um novo monumento que homenageasse os tropeiros e sua relação com a cidade de Montes Claros.

Depois de pronto, o Engenheiro Antônio Carlos Maia, que participou do segundo projeto, relata uma experiência inesquecível do seu ponto de vista, da oportunidade de trabalhar com Konstantin na execução da segunda escultura.

- Para executar esta tarefa, usei um chinelo de couro original de onde tirei as medidas e, dentro das proporções, fiz um projeto de armação da ferragem para execução. Com ajuda de um pedreiro e de um servente foi feita a armação, forma e concretagem. Dr.Konstantin colocou a mão na massa literalmente e fez e refez o nó da correia do chinelo umas cinco vezes, até alcançar o resultado que queria. Atento aos mínimos detalhes, ele empenou o lado frontal do chinelo para transparecer o desgaste do uso e também rebaixou o lado de dentro do calcanhar. Neste momento indaguei sobre este detalhe e ele me respondeu: ‘O sertanejo não pisa no centro do chinelo, ele pisa de lado’ – contou Maia, entre risos e boas lembranças.

Mais uma vez o monumento em homenagem aos tropeiros foi retirado, em 2008. Um movimento foi criado em 2015 nas redes sociais para o retorno da escultura, com a aprovação do Município para a realização da construção do “Precatão” dos Tropeiros.

Uma nova maquete foi produzida pelo artista plástico Igor Christoff, filho de Konstantin, encaminhada á Prefeitura de Montes Claros, para aprovação do prefeito.

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