Logotipo O Norte
Terça-Feira,26 de Agosto

Novos rumos da Petrobras ameaçam usina em MOC

Planta de biodiesel pode ser desativada, prejudicando 9 mil agricultores familiares

Carlos Castro Jr. - Christine Antonini
Publicado em 01/05/2019 às 06:40.Atualizado em 05/09/2021 às 18:27.

Nove mil agricultores familiares do Norte de Minas e de outras regiões do semiárido veem ameaçada a renda que possuem com a venda de matéria-prima para a Usina de Biodiesel Darcy Ribeiro, em Montes Claros. A continuidade da operação da planta não está garantida pela Petrobras, que já anunciou a saída dos negócios de produção de biodiesel.

O impacto da desativação do empreendimento seria muito grande para a região, segundo análise de especialistas do setor. A unidade completou dez anos de fundação neste mês, mas não há motivos para comemoração.

De acordo com o Sindicato do Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro-MG), a usina vem sofrendo ameaças de fechamento desde 2016, quando a Petrobras iniciou, pela usina de Quixadá, no Ceará, o encerramento das atividades em biocombustíveis.

No momento apenas as usinas de Montes Claros e de Candeias (BA) permanecem funcionando. Elas representam 6% da produção nacional desse tipo de combustível.

A usina em Montes Claros tem capacidade de produção de 153 milhões de litros de biodiesel por ano, utilizando matéria-prima fornecida por aproximadamente 9 mil agricultores familiares, que fazem parte do programa de suprimento agrícola da estatal.

O diretor do Sindipetro-MG e diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Alexandre Finamori, afirma que o fechamento vai impacta no valor fiscal pago ao município, na geração de empregos diretos e indiretos e, principalmente, na produção da agricultura familiar da região.

“Trinta por cento da matéria-prima que gera diesel na usina vem da agricultura familiar – 45 mil toneladas apenas na unidade Montes Claros – e isso só é possível por ser estatal, já que se fosse privada, ela não estaria em uma região do semiárido, mas sim no Sul do país”, afirmou Finamori.

Integrante da Bancada do Norte na Assembleia de Minas, o deputado estadual Arlen Santiago (PTB) lamentou a decisão da estatal e apontou erros no projeto.

“Lamentável esse possível fechamento, pois era para ser um ramo de renda para todos da região. Foi um projeto mal executado, pois instalaram as usinas e não incentivaram os catadores de lixo nem os agricultores para que pudessem plantar a mamona ou soja. A cidade de Jaíba é muito propícia para esse tipo de cultura”, disse o deputado.

A matéria-prima para produção pode ser de origem vegetal (algodão, amendoim, girassol e mamona), animal (sebos bovino, suíno e de frango), além de óleos e gorduras residuais. Para o suprimento desses materiais, são contratados milhares de agricultores familiares e a Petrobras Biocombustíveis (Pbio) garante a compra de toda a produção.
 
AUDIÊNCIA
Na noite de ontem, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), após solicitação da deputada estadual Beatriz da Silva Cerqueira (PT), uma audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social foi realizada para debater a importância do empreendimento para o desenvolvimento de Montes Claros e da região Norte do Estado, por meio da geração de trabalho e renda.

O secretário de Desenvolvimento Econômico de Montes Claros, Edilson Carlos Torquato, afirma que tanto o município quanto a região perderão muito sem a usina. Ele prefere, no entanto, ser otimista quanto à possibilidade de fechamento. “Não acredito que uma estrutura deste tamanho, com capacidade produtiva de energia limpa, simplesmente fechará. Provavelmente vai para a iniciativa privada”, avaliou.

Em nota, a Petrobras informou que a usina de biodiesel de Montes Claros está operando normalmente e que estuda alternativas para a unidade, em linha com as metas do seu Plano de Negócios (PNG), que prevê a saída da produção de biodiesel.

“No entanto, ainda não há definição quanto à venda das usinas de biodiesel da Petrobras Biocombustível”, finaliza. No portal da empresa é possível encontrar a informação de que o encerramento das atividades de produção de biocombustíveis tem o “objetivo de otimizar o nosso portfólio de negócios”. “No futuro, a Petrobras poderá reavaliar o investimento neste segmento e, para tanto, usar outro modelo de negócios”.

Compartilhar
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por