O Seminário Mulheridades em Foco: experiências discentes e docentes na produção de saberes e resistências plurais será realizado na terça-feira, 11 de novembro de 2025, no campus da Unimontes, com uma programação que se estende por todos os turnos do dia. A proposta é promover uma imersão nas diversas formas de ser, existir e resistir enquanto mulher, reunindo debates, arte e trocas de experiências entre estudantes, professoras, pesquisadoras e coletivos.
A iniciativa é organizada pela Rede de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher (REVICOM) e conta com o apoio de diversas instituições e coletivos parceiros, entre eles Transidentidade, Fórum Norte Mineiro em Defesa da Vida de Mulheres e Meninas (FEMINORTE), Centro de Referência em Direitos Humanos do Norte de Minas (CRDH Norte), o projeto de extensão (In)Serto – Núcleo pela Diversidade Sexual e de Gênero, o Grupo de Pesquisa em Estudo de Gênero e Violência (GPEG) e a Associação Arco-Íris do Amor. O evento integra a campanha “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, reforçando o compromisso com a igualdade de gênero e o fortalecimento das redes de apoio.
A programação contará com caminhada simbólica, grupos de trabalho, intervenções artísticas e mesa de encerramento. A caminhada “Nenhuma de nós sem nós”, marcada pelo uso de roupas brancas, simboliza o pedido de paz e esperança por um mundo mais seguro e digno para as mulheres.
A coordenadora do GT Acauteladas da REVICOM, Letícia Imperatriz, destacou a importância de criar espaços de escuta e diálogo sobre as múltiplas formas de ser mulher. “Nosso grupo de trabalho foi pensado para as mulheres que estão inseridas no sistema prisional, mas também para ampliar o debate sobre como enfrentamos nossos desafios e fortalecemos a rede de apoio às mulheres”, afirmou.
Segundo Letícia, os grupos de trabalho (GTs) do evento foram organizados para estimular reflexões sobre identidade, atuação acadêmica e coletividade. “Queremos que as participantes pensem sobre quem são e de que forma têm contribuído para o fortalecimento dessa rede. Fala-se muito sobre mulheres, mas o conceito de mulher é construído no dia a dia, a partir dos nossos papéis sociais”, ressaltou.
O grupo “Mulheres em Rede” pretende aproximar a universidade das comunidades, incentivando participantes a multiplicar informações e apoiar mulheres em situação de violência.
Ela também chamou atenção para a necessidade de ampliar o acesso à informação sobre os serviços disponíveis para vítimas de violência. “O município tem uma rede de acolhimento estruturada, mas ainda há muitas mulheres nas regiões periféricas que desconhecem esses canais de apoio. Queremos que o seminário ajude a diminuir essa distância e incentive a construção de uma rede mais efetiva e acolhedora”, afirmou.
A defensora pública Liliana Soares Martins, que atua em Montes Claros, reforçou a relevância do seminário como espaço de aproximação entre o sistema de justiça, a comunidade acadêmica e a sociedade. “A Defensoria é uma instituição antiga, mas ainda pouco conhecida em sua essência. Em eventos como este, buscamos difundir o que fazemos e qual é o nosso objetivo social”, explicou.
Para ela, a presença feminina em espaços de decisão e produção de conhecimento é fundamental. “É importante trazer figuras femininas para espaços acadêmicos e de poder, mostrando o olhar feminino sobre temas que, por muito tempo, foram tratados apenas sob uma ótica masculina, especialmente no sistema de justiça.”
A defensora destacou que o seminário incentiva o respeito à diversidade e defende o conhecimento como ferramenta para transformar a visão tradicionalista e binária da sociedade sobre gênero.