MONTES CLAROS

Mulheres desempenham um papel central na reciclagem

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 07/03/2024 às 21:11.
Da esquerda, Maria José Moreira, Presidente da Associação de Catadores; no meio, Denise Aguiar, gestora da associação; e Ângela Priscila Alves, presidente da associação e catadora. Todas fazem parte da associação 3Rs (Arquivo pessoal)

Da esquerda, Maria José Moreira, Presidente da Associação de Catadores; no meio, Denise Aguiar, gestora da associação; e Ângela Priscila Alves, presidente da associação e catadora. Todas fazem parte da associação 3Rs (Arquivo pessoal)

No primeiro dia de março, enquanto o mundo celebrava o Dia do Catador de Reciclagem, oito dias depois as homenagens foram direcionadas ao Dia Internacional da Mulher. Nesse contexto, o jornal O NORTE teve uma dupla razão para comemorar e destacar a voz dessas mulheres. Com cinco galpões de reciclagem operando em Montes Claros, é notável que quatro deles sejam liderados por mulheres, ressaltando não apenas a importância da reciclagem, mas também o papel significativo desempenhado pelas mulheres nessa indústria vital para a preservação do meio ambiente.

“Mas queremos menos holofotes e mais renda”, declara a gestora da associação 3Rs, Soluções Sustentáveis, Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Montes Claros, Denise Aguiar. Ela também informa que em seu galpão, há 32 mulheres catadoras, muitas das quais são mães de família.

Denise faz um apelo para que, no mês de celebração da categoria e das mulheres, os órgãos prestem mais atenção à situação real dessas catadoras. “Com a chegada do Projeto Recicla aos Montes da Prefeitura de Montes Claros, a categoria das catadores, começou a ser reconhecido, mais ainda esperamos melhorar para a categoria”, relata.

Ela enfatiza a importância de garantir assistência às catadoras, como o pagamento do INSS para assegurar benefícios, como a aposentadoria. Ela critica a falta de resultados em programas e eventos que supostamente visam ajudar os catadores, destacando a discriminação e a falta de valorização dessa profissão pela sociedade. “O gari tem direitos e garantias, nós não”, afirma. “A catadora é uma figura invisível na sociedade, e é uma grande profissão, porque uma só de nós é capaz de trazer mais de 1.500 quilos de material reciclável para o nosso galpão e não recebe nem um salário mínimo por isso, é distante demais o que se fala do catador e a realidade que elas vivem”, comenta Denise.

De acordo com a gestora, as catadoras enfrentam a necessidade de trabalhar mesmo quando doentes, pois a interrupção do trabalho significa a falta de renda para sustentar suas famílias. Ela ressalta que, se uma catadora engravidar, também precisa continuar trabalhando durante os nove meses para garantir o sustento da criança e da casa. “Não temos garantias de nada, somos invisíveis”, declara.
 
ESTEIO FAMILIAR
Quem realiza esse árduo trabalho há quase 30 anos é a catadora Maria do Socorro Guimarães Soares. Ela conta que é mãe, avó e bisavó. “Esse trabalho me ajudou financeiramente, mas é duro de fazer. Mas sem ele, acho que seria ainda pior. Sustentei meus familiares assim, catando reciclável, e vejo muitas mulheres, como eu, mãe, avó e bisavó, fazendo o mesmo”, diz. 

“Eu era presidente da Montesul. Trabalho nesse emprego há quase 30 anos, mas agora é a minha vez de descansar, tem outra presidente mulher lá agora. Esse trabalho foi muito importante. É um trabalho que foi feito tanto para o sustento como para a limpeza do meio ambiente, para proteger os animais, proteger as pessoas. Isso foi muito importante na minha vida. Porque eu catava, catava pelo sustento. Mas eu não tinha assim conhecimento do que podia ser para o meio ambiente. Aí depois, no decorrer do tempo, eu vi que era uma coisa importante também para o meio ambiente. Descobrir isso, só me inspirou ainda mais”, diz satisfeita Maria do Socorro.

CONDIÇÕES DESUMANAS
O secretário de Serviços Urbanos, Vinícius Versiani de Paula, destaca que todo trabalho busca proporcionar dignidade e empoderamento, porém, ressalta que muitas catadoras enfrentam condições desumanas e não é exclusivamente através desse trabalho que alcançam empoderamento. “Por isso, em apoio a essas mulheres, o município estruturou os galpões e associações, fornecendo suporte financeiro e promovendo dignidade. Reconhecemos o papel fundamental das mulheres catadoras, muitas vezes assumindo o papel de gestoras e mantenedoras do lar, enfrentando desafios diários em uma atividade incerta, mas demonstrando coragem e determinação”, expressa. 

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por